Aves de rapina que sobrevoam o poder
Que ironia, gente! O Oscar chega ao Brasil pelas mãos do filho de um banqueiro com a coprodução de um sistema de comunicação, o Globo, que se alimentou da ditadura militar por mais de vinte anos. Irônico, sim, que o mundo conheça pelas mãos do filho de um capitalista excêntrico brasileiro que o Brasil amargou em anos recentes uma ditadura militar que vitimou a sua arte, principalmente o cinema.
O filme do Walter, filho do banqueiro Walter Moreira Sales, ‘faz uma denúncia com leveza e suavidade - que beira a poesia- das atrocidades da então ditadura brasileira que sequestrou matou muita gente, e alienou uma geração que ainda hoje vai às ruas pedir a volta dos militares e vandalizam as instituições, como ocorreu recentemente no Brasil.
Agora, com o “Ainda estou aqui,” o mundo descobre pela arte excepcional do Walter que os ditadores militares brasileiros sequestraram e mataram centenas de pessoas, a exemplo do ex-deputado Rubens Paiva, retirado à força de dentro de casa para ser morto - fala-se em esquartejamento . Por isso, o corpo jamais foi encontrado. O filme de Walter tem todas as qualidades como cinema, mas a principal delas, é trazer de volta à memória os anos de chumbo dos brasileiros, e mostrar como são perversas as ditaduras no mundo, quando sabemos que ainda hoje surgem no cenário político de um canto a outro do planeta filhotes de ditadores, verdadeiros bufões que se julgam no direito de perseguir imigrantes, enjaulá-los dentro de um avião e jogá- los de volta aos seus países como subprodutos humanos, animais rabugentos sob os aplausos de pessoas alienadas a e obscuras.
A arte de Walter e o seu arrebatador filme tem o mérito, entre outros, neste momento, de arrancar da cadeira um povo sem memória, que transformado em manadas, sai às ruas pedindo a volta dos militares ao poder como solução prática e fáceis para os seus problemas econômicos e sociais.
Portugal, este país irmão, também sofreu na carne quando o ditador António de Oliveira Salazar de braços dados com a Igreja negacionista do bispo Cerejeira dominaram o país e atrasaram o seu desenvolvimento por pelo menos um século até a morte de ambos.
Filmes como os de Walter deveriam ser exibidos em praças públicas no Brasil e em outros países que agonizaram nas ditaduras , dominados com mão de ferro, por tiranos psicopatas com sede de poder. Se todos os filhos de banqueiros e os herdeiros de rede de comunicação no mundo, fizessem autocríticas condenando, denunciando as atrocidades de seus ditadores ou produzindo obras semelhantes a essas do Wálter, garanto-lhe leitor/ leitora, que o mundo seria mais feliz e essa geração estaria mais conscientes das suas histórias para impedir que esses tiranos aventureiros, com sede de poder, permaneçam como mandatários insanos como aves de rapina famintas sobrevoando a carniça, o poder.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA