Inteligência alheia subestimada
Como foi provocado a se manifestar sobre o descumprimento da Prefeitura de Maceió ao Plano de Cargos dos Servidores, o Tribunal de Justiça de Alagoas publicou recentemente resposta em seu portal, onde sedimenta o entendimento de que os entes públicos devem não somente implantar as progressões funcionais em atraso, mas, igualmente, pagar os valores retroativos que os funcionários deixaram de receber devido a omissão administrativa.
A categoria deve aproveitar o calor do momento, e impetrar na corte ações para compelir o prefeito JHC a honrar essa pendência desastrosa deixada pelo ex-prefeito Rui Palmeira. A dívida é da prefeitura e continua ativa, embora JHC também faça vista grossa. Se quisesse, de fato, ser melhor, ser diferente, já teria pago tudo espontaneamente, sem pressão de nenhum lado: nem dos servidores, nem da justiça, nem da sociedade. Mas como ele tá longe de ser diferente de tudo de ruim que já vimos, resta um longo caminho pela busca legal desse e de outros direitos.
Basta lembrar a encenação teatral protagonizada por ele, JHC, e sua equipe de interlocutores durante as tratativas com as lideranças dos servidores. O enredo ensaiado versa que os cofres da prefeitura estão à beira do caos. Foi tanta choradeira que os mais inocentes, pasmem, pensaram em sair de lá deixando alguma contribuição para evitar colapso nos cofres da bela Maceió. Submeteram os servidores a dezenas de reuniões que não definiam nada com coisa nenhuma.
Fizeram isso até cansá-los. Enfim, o resultado de tanta embromação é que acabaram aceitando a migalha de 3% de recomposição (e somente duas das cinco progressões, ainda assim, ano que vem) mesmo tendo em mãos a conclusão de um minucioso estudo feito por renomado escritório de contabilidade provando com todos os dígitos, sem rastro de erro, que Maceió tem folga de caixa sim. Existe margem suficiente para até 20% de reajuste na folha, sem prejuízo. Ou seja, o gestor não ficaria impedido de investir em outras ações a favor do município. Não comprometeria sequer a lei de responsabilidade fiscal. A choradeira dos gestores não passa de cena teatral pra comover os mais tolos. O gestor subestima a inteligência alheia.
E o pior: como um trator, passa por cima de tudo que for preciso para manter firme seus objetivos escusos. Qualquer preço é pouco. Talvez por isso tá cada vez mais raro alguém mostrar os desacertos da gestão. Muito suspeito o silêncio geral. Não gostaria de estar na pele dos servidores, mas não custa nada ter empatia. Inadmissível a resistência da prefeitura em implantar as progressões e, no contrassenso, gerar despesasinusitadas, como aquela que intenciona criar auxílio monetário para comunidades de baixa renda. Nesse caso, já que (supostamente) pode haver o retorno do voto, a prefeitura tem folga de caixa. Enfim, as demandas de desacertos são muitas, e a população merece ser provocada a enxergar. E como merece.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA