Poesia como memória histórica

Pensar não é um privilégio, é parte das histórias de cada um. Todos têm histórias; alguns as oficializam em livros, atribuindo datas e reunindo contextos e pensamentos para aqueles que buscam referências e significados, revelando mistérios e relatos extraordinários. Homero e os irmãos Grimm são exemplos notáveis de coletores de histórias.

Lourdes Acioly é a primeira professora com ensino superior da cidade de Campestre. Aos 83 anos, estreou na literatura com seu livro "Girando Sóis". Suas poesias carregam memórias, algumas retratando momentos bem conhecidos, como o casamento de seus pais em 1938, à beira da 2ª Guerra Mundial.

O pai de Lourdes, João, um típico agricultor nordestino, representava a transição entre o sertão árido e o litoral. Crescendo sob sua criação após a morte precoce da mãe, Lourdes foi envolvida pelo ambiente marítimo, uma trilha sonora deixada pela mãe para sempre.

Lourdes queria ser professora, um sonho compartilhado por muitas brasileiras na época, especialmente as nordestinas. Na escola rural, foi admirada por sua mestra, dona Carmosina do Nascimento Alves, que lhe presenteou com uma Bíblia, um símbolo de fé e orientação.

A cidade de São José da Laje, em Alagoas, foi palco de eventos marcantes envolvendo figuras como o prefeito Major Bastos e seu filho, Paulo de Mello Bastos, um famoso aviador brasileiro. Lourdes teve a oportunidade de testemunhar acontecimentos históricos, como o pouso do filho do prefeito em um campo que ele mandou aplainar para esse propósito.

As poesias de Lourdes refletem não apenas momentos de sua vida, mas também a interpretação perspicaz que ela faz do mundo ao seu redor. Sua capacidade de expressar esses instantes através da escrita é um testemunho de sua memória aguçada e sua habilidade de compreensão da vida.banner