Governador é deposto ‘ao vivo’
Prepare-se: você vai ver agora uma troca de mensagens entre o governador Manoel Gomes Ribeiro, o Barão de Traipu, e o presidente da República Prudente de Moraes narrando “ao vivo”, em pleno final do século 19, a deposição do barão, a saída dele do Palácio do Governo para um hotel, que virou barricada depois uma praça de guerra, com mortos e feridos estendidos em plena rua do Sol, no Centro de Maceió.
Em 1 de maio de 1895, o Barão de Traipu – que havia assumido o governo dias antes – teve o mandato cassado pela Justiça Eleitoral. A polícia chegou à sede do Governo com ordens para ele deixar o comando do Estado. Ele negou obediência, mas aceitou deixar o Palácio (cercado, ele não conseguiu contato com chefes da Polícia para agirem a seu favor) e se mudou para o hotel Nova Cintra, que ficava na hoje conhecida rua do Sol.
Em telegrama do dia 28 de abril, encaminhado a Prudente de Moraes, o Barão de Traipu diz que sua eleição foi regular, aprovada pelos parlamentares mas o Tribunal Superior do Estado – que também exercia a função eleitoral – tornou ilegal apenas com a posição de um procurador, em parecer acatado pelo desembargador Tibúrcio da Rocha Valeriano Lins.
Segundo O País, em 1 de maio o Barão foi intimado pela polícia a deixar o Governo. Mas ele não reconhecia a decisão judicial. Ele aguardava ordens superiores. Em telegrama ao presidente da República disse aguardar posição do ministro da Guerra, o que significaria uma tomada de posição do chefe da nova República. A tensão escalou: o povo foi para a frente do Palácio, o Barão estava isolado. Aceitou deixar a sede do Governo e se mudou para o hotel Nova Cintra. A situação piorou. Mais gente, policiais armados do lado de dentro e gente posicionada no lado de fora. Começaram os tiros: “Dia foi cercado Hotel onde estou força rebelde fazendo descarga amigos caindo mortos três pessoas e feridos gravemente muitos amigos. Povo alarmado. Saudações”, disse o governador em telegrama a Prudente de Moraes.
O presidente agiu. O Barão voltou ao poder.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA



