1965: O golpe dentro do golpe que redesenhou Alagoas
O pós-golpe em Alagoas também registrou momentos de máxima tensão, instantes delicados em toda a política nacional. Após tomarem o poder, os militares precisavam construir instrumentos para uma estrutura que lhes garantisse mais tempo no Palácio do Planalto. Para isso, teriam de abolir as eleições, controlar o fluxo das informações, repreender apresentações públicas, perseguir artistas.
Em Alagoas, as tropas também se mexiam. 1965 foi um ano de decisões. É um ano esquecido, mas tão importante quanto o 31 de março de 1964 ou mesmo antes quando representantes do governo americano eram esperados em solo local, dando as coordenadas do regime que arrebentava as portas para entrar.
Em 1965 houve um golpe dentro do golpe em Alagoas. Não foi um cenário preparado. Simplesmente houve. E para existir, existiu. Sem ele, o presidente Castelo Branco imaginava que não teria o controle do Nordeste. Sim, os militares não criam sair logo do comando da política nacional.
Em ‘Alagoas: Ditadura, Subversivos, Heranças’, escrito por mim e apresentado no estande 92 de uma das maiores feiras de livros do Nordeste, a 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas (31 de outubro a 9 de novembro, no Centro de Exposições Ruth Cardoso, em Maceió), mostro uma história curiosa e até então inédita: as maiores cabeças da política alagoana da época, talvez prevendo o endurecimento do regime, se uniram em uma proposta inusitada que tinha o apoio do governador Cavalcante, do vice Teotônio Vilela (o pai), dos senadores Rui Palmeira e Arnon de Mello.
Eles é quem mandavam em Alagoas naquele exato momento. Castelo Branco sabia disso. Tanto que enviou um emissário, com ordens para ouvir, falar pouco e registrar muito.
O resto? O leitor do livro vai entender.
Os discursos públicos sobre família, liberdade, amor à pátria e outras bobagens eram apenas falatórios. Verborragia. Dizer e dizer para, no final, extrair-se o nada. Nada por acaso, porém. A todos cobravam-se posições públicas, transparentes. Quem não estava com os militares, era contra eles. E quem era a favor obedecia as ordens, alguns mais obedientes que os outros.
Uma liderança delatava a outra, que falava de outra. Segredos de uns eram instrumentos de poder para tantos. Nada se perdia, tudo se usava como parte da pressão para se manter na lauta mesa dos que banqueteavam as favas do poder. E mandando outros às favas.
Livro: Alagoas: Ditadura, Subversivos, Heranças
Autor: Odilon Rios
Onde comprar:
- Estande 92, coletivo Mulheres que Escrevem, na 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas
- Com o autor pelo número (82) 98871-0198
Preço: R$ 57,00
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA



