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Odilon Rios

Jornalista, editor do portal Repórter Nordeste e escritor. Autor de 4 livros, mais recente é Bode Pendurado no Sino & Outras Crônicas (2023)

Conteúdo Opinativo

Ameaças e registros na história dos presbiterianos em AL

01/02/2025 - 06:00
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A história do presbiterianismo brasileiro envolve capítulos importantes sobre Alagoas, as ameaças e esforços de missionários, muitos deles americanos, de evangelizar nos interiores até a inauguração da primeira igreja evangélica em Maceió, a terceira mais antiga do Brasil.

Em 1887 foram organizadas duas igrejas presbiterianas em Alagoas: uma em Maceió e a segunda em Pão de Açúcar, tocadas pelos reverendos J. R. Smith e José Primenio. Smith fez uma conferência pública em Penedo, depois seguiu para Pão de Açúcar após forte perseguição e ameaças.

Em 19 de julho de 1887 chegou ao município, no vapor Maceió, acompanhado da esposa e dos filhos, que um dia seguiriam o ministério do pai. Em 18 de agosto, o reverendo Smith pregou e fez comentários sobre Mat. 28.18-20. Primenio batizou 16 adultos e 13 menores. Os trabalhos e os batismos seguiam durante dias até que Carolina Smith, percebendo as ameaças, forrou com coberturas e toldos as camas dela e do marido, além dos filhos. Uma chuva de pedras, atiradas de fora para o telhado da casa onde estavam, era um dos muitos avisos sobre o tamanho da intolerância religiosa.

A casa onde moravam ficava na Rua da Praia, número 54. Também era o local de oração. O reverendo Smith não saia da residência sozinho. Dona Carolina o acompanhava, para intimidar os criminosos. A iniciativa presbiteriana durou até as primeiras três décadas do século passado, e foi dissolvida.

Os missionários seguiram para Maceió, onde organizaram a igreja em 11/9/1887. Nesse dia estavam o reverendo Juventino Marinho, que ficou dois meses à frente da congregação, enquanto Smith e Primenio faziam os trabalhos em Pão de Açúcar. Depois, morou em Pão de Açúcar, retornou a Maceió mais adiante como pastor até 1894.

Com a proclamação da República, fez parte do Conselho Municipal da capital alagoana (espécie de Câmara de Vereadores da época), ficando em oitavo lugar na votação.

Em julho de 1894 a igreja foi dissolvida, mas reaberta em 10/4/1908 pelos reverendos George Henderlite e Benjamin Marinho. Dois anos depois, em 1910, o reverendo Juventino estabeleceu-se em Maceió e inaugurou o templo.

Os trabalhos dos presbiterianos brasileiros ganharam fôlego principalmente por Antônio Teixeira de Albuquerque (1840-1887), alagoano de nascimento, que era padre e abandonou a batina para casar com Senhorinha Francisca de Jesus, em cerimônia realizada pelo reverendo Smith.

Há duas versões sobre o começo da trajetória religiosa de Texeira de Albuquerque. A mais conhecida é que ele foi batizado pelo reverendo Robert Porter Thomas, que também era maçom. A partir daí, Antônio Teixeira, também maçom, passou a ser o primeiro pastor brasileiro e consagrado ao Ministério da Palavra, na loja maçônica.

Outra é que ele confabulou com o reverendo R. H. Ratcliff, “primeiro pastor da primeira igreja batista no Brasil, na informação do Echo da Verdade, da Babia, do mês de maio do citado ano [1879]. Aceitando as doutrinas batistas, foi então batizado pelo Rev. Ratcliff e por ele ordenado ao ministério”, segundo Vicente Themudo Lessa, no livro ANNAES DA 1.ª EGREJA PRESBYTERIANA DE SÃO PAULO (1863-1903), São Paulo, 1938. A maioria das informações contidas neste artigo também foi pesquisada neste livro.

Antônio Teixeira teve uma vida breve, porém bastante ativa e rodando o Brasil, se firmando como um dos maiores missionários. Morreu em Rio Largo, bastante doente. Porém, ainda pregava sentado e escrevendo artigos.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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