arapiraca
Suspensa dentista suspeita de aplicar silicone industrial em pacientes
Conselho Regional de Odontologia tomou decisão cautelar após denúncias de complicações
Uma cirurgiã-dentista de Arapiraca, cujo nome não foi divulgado por determinação legal, teve o exercício profissional suspenso por 30 dias após decisão unânime do plenário do Conselho Regional de Odontologia de Alagoas (CRO/AL). A medida, segundo nota oficial da entidade, foi adotada em caráter cautelar, diante de denúncias que apontam a profissional como responsável por procedimentos ilegais que causaram graves danos à saúde de pelo menos duas mulheres.
De acordo com a apuração do CRO/AL, confirmada por denúncias e ações de fiscalização, a dentista é suspeita de realizar aplicações de silicone industrial em procedimentos de harmonização de glúteos — prática proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e vedada a profissionais da odontologia. As intervenções, conforme relatos, eram realizadas em domicílio, sem condições adequadas de higiene, e com o uso de instrumentos improvisados, como copos e agulhas sem certificação sanitária.
Uma das pacientes, segundo informações médicas, permanece internada em estado grave no Hospital Regional Nossa Senhora do Bom Conselho, em Arapiraca. Ela passou por cirurgias de emergência para retirada da substância, após sofrer necrose extensa e perda de tecido muscular nos glúteos e na perna. A vítima deverá ser submetida a novos procedimentos reconstrutivos, incluindo enxertos de pele. Outras duas mulheres também estão sendo acompanhadas por profissionais de saúde em razão das complicações provocadas pelo uso do material.
A Anvisa proíbe o uso de silicone industrial em qualquer procedimento estético. O produto, utilizado na impermeabilização de superfícies e limpeza de peças automotivas e aeronáuticas, é altamente tóxico e pode causar infecções generalizadas, embolia pulmonar e até morte. A aplicação em seres humanos constitui crime contra a saúde pública e pode ser enquadrada nos artigos do Código Penal que tratam de exercício ilegal da medicina, curandeirismo e lesão corporal.
O Conselho Regional de Odontologia de Alagoas informou que, além do processo ético-profissional, foram acionadas a Vigilância Sanitária e as autoridades policiais. O caso está sendo investigado pela 4ª Delegacia Regional de Polícia de Arapiraca, que apura a extensão dos danos e possíveis responsabilidades criminais.



