Política
Ministra Cármen Lúcia cogita aposentadoria antecipada do STF
Magistrada estaria emocionalmente abalada e avalia deixar a Corte durante o governo Lula
A possibilidade de uma nova aposentadoria precoce no Supremo Tribunal Federal (STF) voltou a movimentar os bastidores de Brasília. Segundo reportagem publicada pelo jornalista Claudio Dantas, a ministra Cármen Lúcia confidenciou a pessoas próximas que estuda a hipótese de deixar o tribunal antes do prazo previsto, seguindo o exemplo de Luís Roberto Barroso, que recentemente se despediu do STF em meio a grande comoção.
A reportagem também aponta que Cármen Lúcia, assim como Barroso, teve o visto americano revogado pela Casa Branca, e teme possíveis sanções decorrentes da Lei Magnitsky, que já afetaram o ministro Alexandre de Moraes e sua esposa. Por não ter planos de se mudar para o exterior, a ministra estaria preocupada com eventuais impactos financeiros caso medidas similares fossem aplicadas a ela.
Outro ponto destacado pela matéria é a atuação de Cármen Lúcia em defesa de maior representatividade feminina no Supremo, especialmente após a aposentadoria de Rosa Weber. A ministra teria apoiado o lobby pela indicação de uma mulher à vaga de Barroso e avalia que sua própria saída poderia reforçar esse movimento, com apoio da primeira-dama Janja Lula da Silva, em prol de um “reequilíbrio” de gênero na Corte.
Durante o julgamento do primeiro núcleo da trama golpista de 8 de janeiro, Cármen Lúcia foi responsável pelo voto decisivo que consolidou a maioria pela condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e de ex-integrantes de seu governo.
Após o voto divergente de Luiz Fux, a ministra decidiu apresentar uma versão resumida de sua manifestação, mas reforçou a tese de Alexandre de Moraes, ressaltando o caráter histórico do julgamento:
“Seria quase o encontro do Brasil com seu passado, com seu presente e com seu futuro. Nossa República tem um melancólico histórico de termos poucos republicanos e, por isso, a importância de cuidar do presente processo.”Cármen Lúcia também enfatizou que o ataque de 8 de janeiro “não foi um acontecimento banal depois de um almoço de domingo”, destacando as provas apresentadas pela Procuradoria-Geral da República:
“A PGR fez prova cabal de que um grupo liderado por Jair Messias Bolsonaro, composto por figuras-chaves do governo, das Forças Armadas e de órgãos de inteligência, desenvolveu e implementou plano progressivo e sistemático de ataque às instituições democráticas, com a finalidade de prejudicar a alternância legítima de poder nas eleições de 2022.”



