Líderes da COP30
“É hora de transformar ambição em ação”, diz Lula em mesa redonda
Presidente destaca redução recorde do desmatamento e criação do Fundo Florestas Tropicais
Durante a abertura da primeira mesa temática da Cúpula de Líderes da COP30, nesta quinta-feira, 6, em Belém (PA), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo pela união global diante da emergência climática. No discurso intitulado “Clima e Natureza: Florestas e Oceanos”, Lula afirmou que a humanidade precisa “transformar ambição em ação” e defendeu um multilateralismo revigorado como única forma de enfrentar a crise ambiental.
“Nenhum país poderá enfrentar a crise climática sozinho. Os incêndios que consomem nossas florestas não respeitam fronteiras. Nem o plástico que polui nossos oceanos e elimina a vida marinha. Somente um multilateralismo revigorado pode equacionar esses dilemas de ação coletiva”, declarou o presidente, que presidiu a sessão.
Lula ressaltou que a COP30, sediada pela primeira vez na Amazônia, deve ser a “COP da verdade”, capaz de firmar um pacto pela vida das florestas, dos oceanos e da própria humanidade. O presidente defendeu que o encontro seja um ponto de virada para transformar promessas em resultados concretos.
Ações e compromissos do Brasil
O chefe do Executivo listou os avanços recentes do Brasil na área ambiental. Segundo ele, o país reduziu em mais de 50% o desmatamento na Amazônia, alcançando a menor taxa dos últimos 11 anos. Lula reafirmou o compromisso de zerar o desmatamento até 2030 e anunciou o plano de recuperar 40 milhões de hectares de pastagens degradadas na próxima década, como parte de uma estratégia para restaurar ecossistemas e promover produção sustentável.
Na frente marinha, o presidente destacou o compromisso do Brasil com a ratificação do Tratado do Alto Mar até o fim de 2025, que estabelece regras globais para o uso sustentável dos recursos oceânicos. Também anunciou o fortalecimento da chamada “Amazônia Azul”, com medidas de proteção de manguezais e recifes de corais, essenciais para a regulação climática e a segurança alimentar. O país pretende ainda ampliar de 26% para 30% a área de zonas marinhas protegidas, em consonância com as metas do Marco Global da Biodiversidade.
Fundo Florestas Tropicais para Sempre
Entre as novas iniciativas, Lula apresentou o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), que propõe um modelo de financiamento climático inédito: países que preservam florestas tropicais serão remunerados financeiramente por meio de um fundo de investimento internacional.
Segundo o presidente, o mecanismo cria “uma nova economia baseada na conservação”, conciliando remuneração para investidores e recursos para nações que mantêm a floresta em pé. Mais de US$ 5,5 bilhões já foram anunciados para o TFFF, com 53 países endossando a declaração de lançamento, e a expectativa de alcançar US$ 25 bilhões em aportes nos primeiros anos.
“Somente uma arquitetura financeira robusta e equitativa pode garantir que a conservação dos nossos maiores ecossistemas tenha recursos”, afirmou Lula.
Mobilização global
Convocada pelo governo brasileiro, a Cúpula de Líderes do Clima antecede a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá entre os dias 10 e 21 de novembro, também em Belém. O evento reúne chefes de Estado, ministros e representantes de mais de 150 países para debater soluções conjuntas de mitigação e adaptação climática.
Lula encerrou seu discurso com um apelo à responsabilidade coletiva: “É hora de reencontrar o equilíbrio entre crescimento e sustentabilidade. A humanidade precisa agir agora, enquanto ainda há tempo.”



