BAIRROS AFUNDANDO
Prefeitura contesta relatório da DPE/AL sobre situação no Flexal
Estudo independente foi elaborado por cientistas do GFZ Helmholtz Centre Potsdam
A Prefeitura de Maceió contestou nesta sexta-feira, 12, o relatório da Defensoria Pública do Estado de Alagoas que recomenda a evacuação imediata do Flexal e anexou ao processo uma Nota Técnica da Defesa Civil e um ofício do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que informam não haver risco geotécnico que justifique a retirada das famílias da área.
O estudo independente foi elaborado por cientistas do GFZ Helmholtz Centre Potsdam, Leibniz University Hannover, University of Leipzig (todos da Alemanha), INPE e UFES (Brasil). O documento, segundo a DPE, comprova o nexo causal entre os deslocamentos horizontais e verticais do solo e a exploração de sal-gema pela Braskem, demonstrando que o terreno continua se movendo com velocidades superiores a –10 mm/ano — o dobro do limite usado pela Defesa Civil de Maceió, que adota um critério arbitrário de –5 mm/ano, sem respaldo científico
O Município afirma, por outro lado, que o estudo usado pela DPE/AL contém falhas metodológicas, utiliza dados incompletos e foi produzido sem participação de engenheiros geotécnicos, apontados como essenciais para avaliação de danos estruturais. A gestão diz ainda que o documento sugere apoio de universidades e órgãos federais, o que é negado pelos registros oficiais.
A Defesa Civil informa que o relatório analisou apenas seis imóveis, número considerado insuficiente diante do histórico da área. O órgão também registra que não houve vistoria presencial realizada por profissionais habilitados e que o estudo utilizou imagens enviadas por terceiros.
A Nota Técnica aponta que o limiar de deslocamento adotado no relatório não corresponde às leituras registradas em medições feitas no local ao longo dos anos. As divergências incluem parâmetros que, segundo o órgão, não se aplicam às condições reais da área.
A Defesa Civil diz ainda que mais de duas mil vistorias foram realizadas desde 2019 e que, sem inspeções técnicas, não é possível relacionar fissuras a movimentações do solo. O órgão afirma que a equipe responsável pelo estudo não possui profissionais especializados em patologias estruturais.



