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Calheiros apresenta relatório sobre projeto que amplia isenção do IR

Relator defende aprovação sem alterações para garantir isenção a quem ganha até R$ 5 mil
Por Redação 05/11/2025 - 05:59
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Saulo Cruz/Agência Senado
Para não atrasar tramitação, Renan Calheiros fez apenas ajustes de redação no projeto, proposto pelo governo
Para não atrasar tramitação, Renan Calheiros fez apenas ajustes de redação no projeto, proposto pelo governo

A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado adiou para esta quarta-feira, 5, a votação do projeto de lei que isenta do Imposto de Renda (IR) quem ganha até R$ 5 mil mensais e aumenta a taxação sobre rendas mais altas (PL 1.087/2025). O relator da proposta, senador Renan Calheiros (MDB-AL), apresentou o relatório nesta terça, mas a análise foi suspensa após pedido de vista coletiva dos parlamentares. A expectativa é de que a matéria seja votada pela CAE às 10h e, ainda no mesmo dia, pelo Plenário do Senado.

De autoria do Poder Executivo, o projeto já foi aprovado pela Câmara dos Deputados e recebeu 128 emendas na CAE. No parecer, Renan acolheu apenas uma emenda apresentada pelo senador Eduardo Gomes (PL-TO), que faz quatro ajustes de redação, sem alterar o conteúdo substancial do texto — o que evita o retorno da proposta à Câmara. Renan destacou que, embora o debate nas quatro audiências públicas realizadas pela comissão tenha apontado oportunidades de aprimoramento, eventuais mudanças só poderão ser feitas mediante consenso prévio entre Senado, Câmara e Palácio do Planalto. Segundo ele, o objetivo é garantir que a proposta seja aprovada ainda neste ano, permitindo que entre em vigor em 2026. 

“Sem um acordo robusto que assegure votação imediata e aprovação das emendas pela Casa iniciadora, o risco é o projeto se perder em novas discussões e o prazo de 31 de dezembro não ser cumprido. A escolha final, portanto, não é apenas técnica, mas estratégica”, afirmou o relator. Para incorporar ajustes futuros, o senador apresentou um novo projeto (PL 5.473/2025), que será analisado de forma terminativa pela CAE, sob relatoria do senador Eduardo Braga (MDB-AM). A proposta complementa o texto principal ao elevar as alíquotas da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) para instituições financeiras, com destaque para fintechs, e ao aumentar de 12% para 24% a participação do governo na arrecadação líquida das apostas de quota fixa, conhecidas como bets.

O PL 1.087/2025 prevê que, a partir de janeiro de 2026, rendimentos mensais de até R$ 5 mil fiquem isentos do Imposto de Renda. Haverá também uma redução parcial para quem ganha entre R$ 5.000,01 e R$ 7.350, enquanto rendimentos acima desse valor não serão contemplados. Atualmente, a faixa de isenção alcança apenas quem recebe até R$ 3.076 — o equivalente a dois salários mínimos. A mudança representa uma renúncia fiscal estimada em R$ 25,4 bilhões, cerca de 10% da arrecadação anual do tributo, que gira em torno de R$ 227 bilhões. 

A partir de 2027, a isenção do Imposto sobre a Renda das Pessoas Físicas (IRPF) também valerá para rendimentos anuais de até R$ 60 mil, com descontos graduais para quem ganha até R$ 88.200. Já os contribuintes com renda anual acima de R$ 600 mil terão uma alíquota mínima progressiva, chegando a 10% para rendimentos superiores a R$ 1,2 milhão. O projeto ainda estabelece que, a partir de 2026, lucros e dividendos distribuídos por empresas a uma mesma pessoa física em valores acima de R$ 50 mil mensais serão tributados em 10%. Estão isentas apenas as distribuições aprovadas até 31 de dezembro de 2025, mesmo que o pagamento ocorra posteriormente. Segundo Renan, a medida busca alinhar o sistema tributário aos princípios constitucionais da isonomia e da capacidade contributiva.

“Ao reduzir a carga sobre rendas menores e aumentá-la sobre as mais elevadas, especialmente sobre rendas de capital, o projeto confere maior progressividade ao sistema e concretiza o ideal de justiça fiscal”, argumentou o relator.


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