CIDADÃO HONORÁRIO
Condenado por transfobia, Nikolas Ferreira pode ganhar título em Alagoas
Deputado já teve contas nas redes sociais bloqueadas por espalhar fake news sobre as urnas
A Assembleia Legislativa de Alagoas analisa nesta quarta-feira, 26, o Projeto de Lei nº 1320/2025, de Cabo Bebeto, que concede o título de Cidadão Honorário ao deputado federal Nikolas Ferreira, envolvido em diversas polêmicas que vão de transfobia a divulgação de um vídeo com uma adolescente trans em um banheiro escolar. A informação sobre a homenagem é do site Agora Alagoas.
A justificativa do projeto afirma que o parlamentar atua em temas ligados à família, religião e liberdade econômica. Ele foi o deputado federal mais votado do país em 2022, com mais de 1,4 milhão de votos, e preside a Comissão de Educação da Câmara.
O texto lembra que Nikolas Ferreira nasceu em Belo Horizonte, formou-se em Direito pela PUC-MG e iniciou a carreira política como vereador da capital mineira. O projeto aponta que sua votação foi uma das maiores da história do município.
Cabo Bebeto declara que o deputado atua em defesa da Constituição e do Estado Democrático de Direito. Para o autor, esses elementos fundamentam a concessão do título pelo Legislativo de Alagoas.
Polêmicas
Condenado por transfobia na quarta-feira, 19, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) já se envolveu em polêmicas que vão de brigas com o influenciador Felipe Neto e com seu colega na Câmara, André Janones (Patriota-MG), a ter contas nas redes sociais bloqueadas por espalhar fake news sobre as urnas
Na sentença que decidiu pela condenação do parlamentar, em primeira instância, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) impôs indenização no valor de R$ 80 mil em um processo movido pela também deputada Duda Salabert (PDT-MG). Em 2020, quando os dois ainda eram vereadores de Belo Horizonte, o bolsonarista deu uma entrevista na qual se referiu a Salabert com pronomes masculinos.
Este não foi o primeiro caso de transfobia do deputado. Nikolas Ferreira esteve envolvido em episódios que incluíram a divulgação de um vídeo com uma adolescente trans em um banheiro escolar, o que levou o Ministério Público de Minas Gerais a abrir investigação.
Também protagonizou ataques públicos, como a resposta ao influenciador Felipe Neto e uma discussão com André Janones durante debate presidencial. Em outra situação, foi impedido de visitar o Cristo Redentor por não apresentar comprovante de vacinação e depois comparou a exigência a práticas nazistas.
O deputado também teve contas suspensas nas redes sociais por incentivo ou relativização dos atos de 8 de janeiro e críticas ao processo eleitoral. Foi criticado por um comentário sobre a influenciadora Thais Carla, caso que resultou em ação judicial por danos morais. Em outra polêmica, afirmou em debate que Jesus não veio ao mundo para combater desigualdades, o que gerou repercussão negativa.
Há ainda um processo no Tribunal de Justiça de Minas Gerais no qual poderá responder por injúria racial contra a deputada Duda Salabert, a quem se referiu com pronome masculino em entrevistas. Os embates entre ambos foram frequentes quando dividiram a Câmara Municipal de Belo Horizonte, fortalecendo a projeção das controvérsias envolvendo o parlamentar.



