Lei da Dosimetria
Conversa entre Lula e Renan Calheiros antecede estratégia sobre anistia
Presidente petista considera Flávio Bolsonaro adversário menos competitivo
Em conversa com os senadores Renan Calheiros (MDB-AL), Jaques Wagner (PT-BA) e Eduardo Braga (MDB-AM), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi informado de que são reduzidas as chances de o Senado barrar o Projeto de Lei da Dosimetria, interpretado por aliados do governo como uma forma indireta de anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
A informação é do jornalista Thomas Traumann, da Veja. Diante desse cenário, Lula passou a trabalhar com a possibilidade de usar o veto presidencial como instrumento político para postergar a definição do tema e influenciar o tabuleiro eleitoral de 2026.
A estratégia discutida prevê que, caso o projeto seja aprovado pelo Senado — o que pode ocorrer ainda em dezembro —, o presidente vete a proposta no prazo final, já durante o recesso parlamentar.
Com isso, a análise do veto ficaria para fevereiro, cabendo ao Congresso decidir quando pautar a votação. O Planalto avalia atuar para que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), deixe a apreciação do veto para abril, após o fim do prazo de desincompatibilização eleitoral.
A leitura do entorno presidencial é que esse movimento pode dificultar ou até inviabilizar uma eventual candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), visto por Lula como o adversário mais competitivo da oposição. Nos bastidores, o presidente considera que a indefinição jurídica prolongada teria impacto direto sobre o cálculo político do governador.
Paralelamente, Lula acompanha com atenção os movimentos da família Bolsonaro. O lançamento da pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) é visto no Planalto como um fator de divisão da direita. Em avaliações reservadas, o presidente demonstra confiança de que um cenário com Flávio na disputa fragmentaria o campo oposicionista e ampliaria o espaço de diálogo do governo com setores do Centrão.
Esse diagnóstico é reforçado por pesquisas recentes que indicam vantagem expressiva de Lula em eventual confronto com Flávio Bolsonaro, inclusive com percentuais próximos de vitória em primeiro turno. Aliados do presidente avaliam que a fragmentação da direita reduziria a capacidade de unificação em torno de um nome competitivo.



