colunista

Alari Romariz

Alari Romariz atuou por vários anos no Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa de Alagoas e ganhou notoriedade ao denunciar esquemas de corrupção na folha de pagamento da casa em 1986

Conteúdo Opinativo

Governo fraco, instituições fracas

15/09/2024 - 06:00

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São assustadoras as notícias que ouvimos na mídia a respeito da situação em que se encontram as instituições federais. Cursei Economia na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Escola antiga, cheia de professores catedráticos, onde estudaram jovens brilhantes. Pois bem, a entidade se encontra em triste situação. Segundo notícias da TV, só pagou um recibo de luz e três de água. O teto está caindo, não há verba de alimentação. Segundo informações dos administradores, o governo federal só repassa parte da verba a que a universidade tem direito.

Recentemente os professores e os servidores fizeram greve e a causa foram baixos salários e péssimas condições de trabalho. Depois de seis meses de negociações, encontros e desencontros, o resultado foi quase nulo. O Lula, outrora sindicalista, que participou de inúmeros movimentos grevistas, virou um tirano. Pouco, muito pouco concedeu à categoria.

Resultado de tudo isso: os professores estão indo para as universidades particulares, alguns alunos têm dificuldade em encontrar seus orientadores nos trabalhos de conclusão de curso (TCC) e há perda na qualidade de ensino.

No mês passado, os militares foram chamados para assinarem um documento, aceitando que um seguro descontado em seus proventos, beneficiando viúvas ou dependentes, fosse reduzido em trinta por cento. Ora, desde o início de seus cursos nas escolas de formação, os jovens alunos descontam nos vencimentos os valores referentes ao seguro. Para onde foi tanto dinheiro? E quem não assinou o tal documento, como fica?

Outro fato digno de nota: o Fusex, plano de saúde dos militares do Exército, está claudicante. Não existe o atendimento através da carteirinha. O beneficiário marca uma data do mês para solicitar consultas ou exames. Dias depois, quando recebe a autorização, já passou a consulta marcada. Precisa então retornar para a secretaria do plano a fim de renovar a guia. E o paciente, titular ou dependente, aguarda uma tal de suplementação de verba. Um drama! No mês de agosto, só foi repassado ao Fusex um percentual da verba devida. É importante frisar que a contribuição é descontada mensalmente nos salários dos militares, ficando o governo federal com o suado dinheiro dos associados.

O ministro do Exército fez ver ao presidente da República em seu discurso na solenidade do Dia do Soldado, de público, parte do que está acontecendo com as Forças Armadas. Sucateamento e falta de modernização do material bélico. E o Lula ficou calado. Um vexame!

No Brasil todo, milhares de crianças não frequentam as creches e as mães ficam impedidas de trabalhar. Sei que o Estado e o Município têm parte da culpa, mas o governo federal, através do Ministério da Educação, também. As crianças ficam sem escola e o presidente viaja, acompanhado de dezenas de amigos, gastando altos valores. Em compensação, o Congresso Nacional destina altíssimos valores às emendas destinadas a fundações com nomes de familiares. Aqui em Alagoas, conheço várias delas sobrevivendo assim. Quando se fala em cortar emendas, surgem logo ameaças aos projetos de interesse do governo.

Quanto recebe, por mês, um deputado estadual ou federal, ou um senador? Quem conseguiu impedir as “rachadinhas”? Desde quando elas são conhecidas? Aposentei-me em 2003 e elas já existiam em todos os poderes. E um professor universitário sobrevive com que salário? E seu colega, professor ou professora de nível médio?

Repito insistentemente: um governo que não liga para suas instituições é um governo fraco. As Forças Armadas precisam de verbas para cumprir seu papel. As universidades não podem sobreviver com parte da receita do seu orçamento. As crianças precisam de creches e escolas saudáveis.

Enquanto o governo federal e o Congresso não corrigirem tantas distorções, o país não progredirá, as Forças Armadas viverão de esmolas das verbas subtraídas, as universidades fecharão. O que será do Brasil?

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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