Ser mãe é dom de Deus
Sempre que começa o mês de maio fico saudosa, lembrando dos bons tempos de minha infância.
Nosso lar era feliz, simples e cheio de amor. Meus pais eram bem casados e criaram os oito filhos dentro das regras do bom viver.
Salvelina, que morreu aos sessenta anos, foi uma típica dona de casa dos anos quarenta, cinquenta. Amava o marido e ai de quem o criticasse. Para ela, o João era um homem perfeito, que vivia para sua família.
Os dois, João e Salvelina, se foram muito cedo, mas deixaram para os filhos um legado de amor, respeito e honestidade.
A família começou a crescer, os mais velhos foram casando e surgiram várias mães dentre eles. Eu, como filha mais velha, casei, tive quatro filhos lindos e maravilhosos, pois sempre fui a mãe coruja.
Apesar de desde os dezoito anos trabalhar na Assembleia Legislativa, cuidei bem dos filhos e da casa. Eram os filhos a segunda prioridade. A primeira era o marido, que me ajudou a cuidar das quatro “pedrinhas de fogo”.
Hoje, vejo minhas filhas como boas mães. Trabalharam fora de casa, mas criaram os filhos como mães responsáveis. Ainda não são avós, porque os filhos estão custando a casar, mas acompanham a vida de seus pimpolhos.
Adorei ser avó aos quarenta e três anos, quando nasceu a primeira neta. É um amor irresponsável, porque você não cria, só ajuda um pouco os pais.
Ser bisavó é melhor ainda. Vemos os bisnetos lindos de tempos em tempos e os bebês até estranham quando veem dois velhinhos brincando com eles. É uma fase diferente e feliz. Poucas mulheres chegam até aí.
Tudo isso que acabo de narrar é a foto de uma família quase feliz. Os exemplos de hoje são assustadores. O relacionamento de filhos e netos com mães e avós retrata uma sociedade sofrida. Estes em sua maioria dependem daquelas. Tratam-nas com desrespeito, ficam com suas aposentadorias e ainda ameaçam com a possibilidade de colocá-las num asilo.
Visitei recentemente uma parenta que mora com um neto desempregado. Veio falar comigo, todo moderno, corrente de prata no pescoço, falando com a idosa desrespeitosamente. Fiquei irritada, mas não disse nada. Saí de lá compadecida da velha prima.
Em compensação, tenho uma amiga que trabalha comigo há 27 anos. Criou cinco filhos como lavadeira e faxineira. Todos estudaram, trabalham e têm por ela o devido respeito. Dividem com a mãe as despesas de casa. Se algum deles adoece, ela cuida e ajuda no tratamento. Uma mulher quase analfabeta, que pode ser chamada de mãe.
Outro dia vi num evento uma neta cuidando da avó. Defendendo-a com unhas e dentes. Muito emocionante!
Encontro-me com amigas da minha idade ou mais novas; o assunto é sempre o mesmo: filhos e netos. Fulana está fazendo residência médica em Recife, diz uma. Meu neto está em Nova York, minha neta está em Londres. Todas mostrando que plantaram e estão colhendo. Mães felizes!
Claro que há notícias tristes, de filhos doentes, presos, drogados, desempregados. Entretanto, a culpa não é das mães. O mundo está enlouquecido, os adolescentes se deixam levar para o mau caminho. Elas, as mães, devem lutar para fazê-los voltar à vida normal.
Deixo, aqui, minha homenagem para todas as mães; felizes ou infelizes. O importante é lutar, não se deixar abater, exigir respeito de filhos e netos.
Não posso me esquecer das mães adotivas. São pessoas que não quiseram ou não puderam ter filhos. Fizeram a opção de adotar crianças e criá-las com muito amor. Merecem nossa total consideração.
Feliz Dia das Mães!
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA