colunista

Alari Romariz

Atuou por vários anos no Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa e ganhou notoriedade ao denunciar esquemas de corrupção na folha de pagamento da casa em 1986

Conteúdo Opinativo

Despertando para Jesus

27/09/2025 - 06:00
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Já ouvi várias histórias de pessoas que erram durante muitos anos e, de repente, acordam e começam a pensar de maneira diferente.

No ambiente político, onde convivi durante muitos anos, os casos são mais gritantes. As pessoas que se elegem como deputados, prefeitos, senadores, governadores e outros cargos maiores pensam que são semideuses e se acham acima do bem e do mal. Quando perdem as eleições, viram pessoas normais, voltam a conviver com parentes e amigos e transformam-se em criaturas como eram antes.

Quando criança, quase sempre estudei em colégio público. Adolescente, descia no bonde ou no ônibus para ir à escola. As meninas “riquinhas”, estudantes em estabelecimentos pagos, gostavam de esnobar as de classe média; no entanto, lutavam por uma vaga no Instituto de Educação. Quando lá chegavam, não acompanhavam o forte estudo e algumas retornavam para a escola cara.

Despertavam para uma nova realidade: o ensino público era melhor.

Nos idos de 50 e 60, a Avenida Fernandes Lima era um local de boas residências. Lá moravam médicos, advogados, empresários, usineiros, políticos e até um vice-governador. Como Deus é brasileiro, um auditor fiscal do IAPI construiu uma casa naquele local. Tinha seis filhos que passaram a conviver com os “filhinhos de papai”. Sendo bem educados pelos pais, as crianças foram crescendo no Farol e lá fizeram boas amizades. A residência do casal de classe média vivia cheia de rapazes e moças, jogando voleibol e futebol. Descobriram, garotos e garotas, que ninguém é melhor do que ninguém.

Com dezoito anos, fomos trabalhar na Assembleia Legislativa e conhecer a classe política. Um verdadeiro choque: alguns deles eram envolvidos com o “Sindicato do Crime”. O presidente da Casa ia trabalhar de capa preta, escondendo uma metralhadora, acompanhado de vários seguranças, conhecidos como “capangas”. Houve vários crimes e parlamentares foram mortos. A jovem quase adulta assustou-se com o ambiente. Com o tempo, se acostumou.

Mas ele foi passando e o cenário foi mudando. Apareceram jovens parlamentares que não eram envolvidos com o crime. Eram homens vaidosos, pensando ser “donos do mundo”. Certa vez, um me disse: “Eu enterrei a minha mãe. Nada temo!” Estranhando a fala, perguntei: “O senhor queria que sua mãe morresse jovem?” “Não”, disse o semideus. Concluindo, acrescentei: “Acima do senhor existe um Deus que levou sua mãezinha.”

Infelizmente, os políticos continuam vaidosos. Pensam que podem tudo e machucam os menores. Hoje, obedecem parcialmente às ações judiciais, mas não devolvem o que tiram dos servidores.

Continuam mandando e desmandando nos poderes que dirigem. Cercam-se de bajuladores e castigam os pobres funcionários.

Na vida familiar, as histórias são outras: há filhos bons, filhos ruins e tudo depende da educação que receberam. Sou casada há sessenta e dois anos, tive quatro filhos e tenho agora onze netos e cinco bisnetos. Conseguimos criá-los com amor e rigor. Tenho uma filha de 61 anos que me chama de “mãezinha” e me liga todos os dias. Outra filha está quase morando conosco e nos trata com respeito e carinho. Os netos moram longe de Paripueira e ligam sempre para saber como andam a vozinha e o vozinho.

E a vida vai passando, cheia de altos e baixos. Problemas que são resolvidos, amigos que se afastaram porque não eram amigos. Os que ficaram alegram nossos últimos dias.

Não deixamos de reclamar do que nos incomoda, no condomínio ou na Prefeitura. Alguns pleitos nossos são atendidos.

Agradecemos a Deus pelo que conquistamos e despertamos para Jesus, afirmando: SOMOS FELIZES!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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