colunista

Alari Romariz

Atuou por vários anos no Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa e ganhou notoriedade ao denunciar esquemas de corrupção na folha de pagamento da casa em 1986

Conteúdo Opinativo

É difícil perdoar

25/10/2025 - 06:00
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Nunca imaginei como é difícil perdoar alguém pelo mal que me fez.

Ouço, pela TV, a missa de Aparecida, todos os dias, às 18 horas. O padre quase sempre fala no perdão e, assustada, imagino como é difícil praticá-lo.

Há exemplos gritantes de momentos cruciais na vida de uma criatura. Veja este caso: um irmão estava desempregado. Mãe e duas irmãs preocupadas. Uma irmã, com pena dele, resolveu ajudá-lo. Morre a irmã e o ingrato recorre à justiça para cobrar até o que não fez. Sujará a imagem da irmã e ganhará inimigos. Pergunto eu, espantada: como perdoar a falta de reconhecimento de muitos benefícios recebidos? Moral da história: são três mulheres fortes anulando um homem fraco.

Existem casos de família que abalaram as estruturas dos irmãos. Difícil detectar quem é o culpado, quem deve ser perdoado. A família foi destruída, irmãos afastados. Tudo agora está nas mãos de Deus.

Terça-feira, 28 de outubro, é o Dia do Servidor Público, profissão que nunca me atraiu por achar que é acomodado e que se segura na atividade por ter estabilidade no emprego, salário irmãos afastados.

Conheço a história de dois irmãos ricos que viraram inimigos. Morreram e não fizeram as pazes. Quem sabe, agora na outra vida, já se encontraram e resolveram suas diferenças. O motivo da separação das famílias é sempre o dinheiro, ou então a partilha de bens.

Tive uma grande amiga que ficou viúva. Casou novamente e a família não aceitou a nova união. A amiga morreu, deixando testamento pronto e assinado. Mesmo assim, como a Justiça é lenta, tudo anda a passos de tartaruga e nada está resolvido. As partes são inimigas até o fim da causa.

Havia em Maceió homens casados que constituíram outra família. Nem sempre os irmãos eram unidos. Com a morte do pai, vinham sérios problemas. De novo ia tudo para Justiça e o caso, como sempre, caminhava lentamente.

Por outro lado, há famílias que resolvem a situação amigavelmente, chamam os filhos da filial e entregam o que por direito cabe a eles. São casos raros, mas existem.

Tive um velho amigo que deixou dois filhos fora do casamento. Um morreu e o outro nada quis do pai. As filhas fizeram tudo de acordo com a lei, mas as duas estão afastadas. Deus cuidará delas!

Um pai vê lá de cima sua família desunida por causa de uma ovelha negra. Quem deve ser perdoado? Como unir os filhos? O orgulho é maior do que o perdão. De nada adiantou a união que ele tentou plantar no seio da família. Do céu, ele assiste ao drama que envolve seus filhos. Tudo nas mãos de Deus!

Injustiças cometidas no ambiente de trabalho maltratam muito os envolvidos. Uns tocam a vida e procuram esquecer as pauladas recebidas. Outros morrem lutando, tentando recuperar seus direitos, denunciando os perseguidores. Aqui, acolá, vem outra cacetada. A velhice chega, eles pensam que vão descansar, mas os maldosos não querem “descanso”. Só pensam em pisar nos menores. É difícil, ou não, perdoar estes algozes?

As brigas entre patrão e empregado na Justiça do Trabalho são mais rápidas. O trabalhador inventa mil artimanhas, mente, engana o juiz e quase sempre ganha. Como perdoar mentirosos que trabalharam conosco durante anos e, de repente, viram inimigos? Talvez seja essa a razão de não se manter uma empregada doméstica fixa. A maioria das patroas apelou para faxineiras, duas vezes por semana.

Ouvir o aconselhamento de um padre sobre as mensagens das escrituras é fácil. Aplicar o que se escuta é muito difícil. Perdoar é raro. Conviver com a separação de entes queridos é péssimo. Só há uma saída: entregar tudo a Deus. Que Ele seja o nosso grande juiz!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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