colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

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Medidas covardes e meia boca

07/03/2021 - 09:18

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Ato em memória a trabalhadores da saúde vítimas do coronavírus em São Paulo
Ato em memória a trabalhadores da saúde vítimas do coronavírus em São Paulo

A política brasileira embrutece e emburrece, afirmou Mario Sergio Conti em excepcional artigo publicado no Jornal Folha de São Paulo de ontem, cujo titulo, ”Não é só Bolsonaro que esculhamba o Brasil, mas a pasmaceira” é de uma criatividade ímpar.

E, não só por causa de Bolsonaro. Que, claro, é o maior responsável pelo massacre de brasileiros jamais visto em tempo algum da nossa triste história desse país rico e promissor, mas explorado desgraçadamente pela mais vil classe política do mundo.

E, ele segue magistralmente “parafraseando Adorno, morrer de peste no Brasil de hoje atesta a irrelevância do ser vivo diante do absoluto social”. Basta ver as recentes medidas - covardes e inócuas para a gravidade da situação atual - de governadores e prefeitos em relação à pandemia, mesmo vendo hospitais e UTIs de seus Estados e municípios explodirem pelo enorme, vertical crescimento da infecção por COVID-19 da população brasileira.

Todos sabem que a população como um todo está exaurida pela mixórdia que esse presidente de opereta e seu assistente Sancho Pança estão provocando ao longo de todos esses doze meses de pandemia no Brasil. Sabem também que nunca, mas nunca de verdade, nenhuma medida de contenção do espalhamento do vírus foi respeitada. Nem mesmo no lockdown de março de 2020 conseguimos chegar a 70% de recolhimento das pessoas.

Desde aquela época que as festas na periferia, a aglomeração em feiras de todos os tipos, as comemorações em bares, boites, clubes e locais de eventos, nas praias, nos estabelecimentos comerciais, nos restaurantes, etc. se tornaram rotina do dia a dia – e não apenas dos finais de semana como eles querem fazer crer com essas iniciativas de engana bobo.

Como, por exemplo, nas eleições de outubro, nas comemorações do Natal e do Ano Novo e mais recentemente no período que seria o do carnaval, quando todos eles decretaram ponto facultativo liberando o funcionalismo e levando o comércio a fazer o mesmo. Resultado: uma babel de novos infectados à porta dos órgãos de saúde que veio num crescendo de outubro até hoje, a ponto deles não mais terem condições de atender à brutal demanda.

E o que vemos? Governadores e prefeitos absolutamente acovardados de fazer o certo, o que seus conselheiros de saúde e os especialistas vêm bradando a tempo: promover lockdown radical de pelo menos 14 dias (idealmente 21 dias) com forte presença repressiva nas ruas para garantir que não seja mais outro evento frustrante com foi o de março de 2020.

Não há mais o que tergiversar. Não há mais dilema economia x vida. A luta agora é para evitar uma tragédia abissal que levará à morte – além das previstas – de até 100 mil pessoas a mais no País até julho, agosto.
Se Bolsonaro e o Congresso vão continuar sem – criminosamente - liberar o auxílio emergencial para os pobres, que Estados e Municípios o façam, afinal seus cadastros são bem menos furados que os desse incompetente governo federal. O dinheiro chegaria a quem de fato precisa. E depois que cobrem o “adiantamento” do governo federal.

O certo é que não dá mais para empurrar de barriga o problema. Que até agora esteve totalmente nas costas de Bolsonaro. Agora, se governadores e prefeitos não tomarem as medidas que tem que ser tomadas para o lockdown total, também devem ser responsabilizados junto com o Presidente pelo massacre que está acontecendo neste país.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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