colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Uma luz ao fim do túnel

30/04/2023 - 08:00
Atualização: 30/04/2023 - 08:04

ACESSIBILIDADE

Extra/Arquivo
Braskem em Maceió
Braskem em Maceió

O jornalista Plínio Lins, fez em seu blog uma análise, a meu ver muito precisa da entrada do senador Renan Calheiros em defesa dos direitos de Alagoas, Maceió (e municípios da região metropolitana) e das vítimas diretas e indiretas do megadesastre provocado pela Braskem. Não sem antes citar outro cânone do jornalismo de Alagoas, Ricardo Mota, que havia publicado em seu blog que “sem deixar de cutucar, alfinetou” quanto à demora [do senador] em entrar em campo, mas destacou que “chegou para ficar”.

Lúcido, como sempre, e com a pontaria precisa do velho jornalista, Plinio foi direto ao ponto: ”Muitas são as questões candentes, em suspenso, na relação entre a grande empresa e a população atingida, naturalmente com destaque para quem teve de deixar para trás seu patrimônio localizado nas áreas com risco de afundamento. Mas, se essas pessoas são as principais vítimas, não são as únicas, existem prejuízos outros” Enormes diria, eu.

E continuou “Precisam ser considerados os danos econômicos gerais, os malefícios ambientais, os [enormes]transtornos urbanos, as perdas culturais. Os incentivos concedidos afundarão também? Os empregos irão para o buraco? O que será feito na área adquirida? Como ficará o patrimônio histórico, artístico e cultural do perímetro afetado? E o impacto ecológico?” foram algumas das questões importantes e cruciais que o Plinio levantou.

Às quais nos atrevemos acrescentar: Os impostos não pagos e os que foram perdidos com a “morte” de centenas de empresas, os incentivos fiscais mantidos até hoje, a “morte” do transporte de passageiros por ferrovia impedido de continuar, com evidentes prejuízos para a União, o estado e o município além de milhares de pessoas que eram atendidas diariamente.

E, em especial, um tema até hoje não enfrentado de forma objetiva pelas autoridades: a absoluta e necessária transferência da indústria química da Braskem de dentro de Maceió, de onde ameaça de forma direta a vida de cerca de 150 mil pessoas que residem, estudam ou trabalham no perímetro da fábrica e em bairros tradicionalíssimos da cidade como a Ponta Grossa, o Vergel do Lago, o Trapiche da Barra, o Prado, a Levada e o Pontal da Barra.

O momento é muito oportuno, a empresa está a caminho da venda e é preciso que o Estado brasileiro aja com mão de ferro para assegurar que a sua venda se dê, apenas após uma profunda revisão de tudo que foi feito até agora, incluindo o malfadado acordo que a empresa celebrou com o MPF que apenas a ela beneficiou, anomalia que precisa de urgentíssima intervenção, sem o que nada acontece em relação ao megadesastre que não seja do único interesse da Braskem.

Podemos citar – em outro momento – as verdadeiras aberrações que vem sendo perpetradas por esta multinacional em Alagoas em detrimento de todos, população, municípios atingidos e estado. E finalmente, esta não é uma luta de uns. É de todos os alagoanos. É de Alagoas. É hora de dar uma virada nesse copo.

E nós temos uma proposta ganha- ganha que muda a cara de Maceió, equaliza o passivo que a empresa foge dele como o diabo da cruz, até agora com sucesso e abre espaço para rediscussão dos temas conexos em aberto.

Mas, até agora, ninguém, nem autoridades estaduais, nem municipais e tampouco a empresa se moveram para uma discussão em torno das nossas sugestões. Até quando interesses pessoais e corporativos irão se sobrepor aos interesses de Alagoas?

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


Encontrou algum erro? Entre em contato