colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

A arte de se criar bodes expiatórios

28/10/2023 - 12:39

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Extra/Arquivo
Braskem em Maceió
Braskem em Maceió

O grande Stanislaw Ponte Preta, mais conhecido pela alcunha de Lalau, foi um cronista mordaz do cotidiano e dos costumes brasileiros. É dele a frase: Ou restaure-se a moralidade ou locupletemo-nos todos... Lalau faz falta, como fazem Millôr Fernandes, Nelson Rodrigues e tantos outros que retratavam com sátira e perspicácia no caso dos dois primeiros ou de ríspida crueza a realidade nacional, como nas crônicas de Nelson.

Esse trio se fosse vivo e residisse em Alagoas teria ao longo da última semana “pratos cheios” para suas críticas ferinas, contundentes. Se não vejamos:

No início da semana a mídia local noticiou que a OAB e os MPF, MPE e DPU solicitaram encontro urgente com o governador para inquiri-lo porque ele não ter sancionado um projeto de Lei originado da Assembleia Legislativa em que o estado de Alagoas “doaria”o terreno em troca da Braskem construir um novo hospital Portugal Ramalho. Soa como algo do tipo: “Por que você prejudicado (Alagoas) se atreve a não doar suas posses para que a empresa que destruiu grande parte do seu patrimônio possa, em troca, construir um novo Portugal Ramalho?”.
Pelo simples fato – e os três órgãos sabem – que Alagoas está iniciando uma negociação global com a Braskem para a solução de todo o passivo da empresa em nosso estado e cujo slogan é “ninguém fica para trás” – e não vai se submeter a interesses que só beneficiam aquela empresa.

O que soa estranho em tudo isso é que, a invulgar transação que a Braskem realizou com a Prefeitura de Maceió em troca da “quitação” (sic!) da sua dívida com Maceió e a nefasta doação de ruas, praças, avenidas e outros logradouros pela prefeitura à Braskem apesar das inumeráveis denúncias formuladas na mídia e por autoridades, sequer foram motivo de abertura de investigações pelo trio que agora cobra o governador de forma inusitada por não ter doado bens dos alagoanos para quem destruiu parte de nossa cidade.

O que chama a atenção é que ausente OAB que nunca moveu uma linha em favor da mais de centena de milhares de afetados e, há muito tempo vem fazendo malabarismos para que sua anômica posição não seja tornada pública, agora se arvora do direito (que não tem) de cobrar à mais alta autoridade do estado. Se acha que algo está errado, que vá a justiça e não, subscrever notas que mais cheiram a defesa dos interesses da empresa que destruiu 5 bairros da capital e afetou diretamente a vida de 150 mil maceioenses e que ainda por cima, mantém – contra a vontade de todos e contra à Lei que ela tanto defende – um complexo químico de grande porte quase dentro do centro comercial da cidade a ameaçar outras 150 mil vidas.

Quanto ao MPF e ao MPE já foram motivos de inúmeros artigos meus sobre suas posições sempre contrárias a todos os pleitos justos, diga-se de passagem, dos afetados pelo mega crime ambiental cometido pela Braskem em Maceió. Essa turma sim, é que precisa prestar contas à sociedade que os pagam, do porquê dessa posição...
O Lalau tinha outra frase lapidante: Era um desses caras que cruzam cabra com periscópio pra ver se conseguem um bode expiatório para seus malfeitos.

No domingo, vamos tratar da estranha posição de certo senador que rugiu contra a criação da CPI da Braskem... E haja Lalau para explicar satiricamente essas coisas

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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