colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

O rumo do Nordeste pode ser diferente. Depende de nós

27/04/2025 - 06:00
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As mazelas do Nordeste são muitas, todas sobejamente conhecidas de todos. Não iremos por esse caminho que termina no mais do mesmo das reclamações dos poderosos e/ou do coitadismo vira lata que por aqui predomina e ajuda a formar opiniões sobre o Nordeste cheias de preconceitos ou vinculadas às belas imagens de praias paradisíacas ou pela terra rachada povoada de pobres e miseráveis. Um mosaico diverso e parcial que finda por formatar a imagem negativa da região.

A viseira de burro usada por muitos intelectuais, acadêmicos e técnicos exógenos quando pretendem emitir opiniões quase sempre desarrazoadas e fora de contexto sobre o Nordeste é outra causa da visão negativa gerada sobre uma região de rica diversidade, multifacetada vida cultural, com bolsões de riquezas que demonstram, sim, as possibilidades múltiplas das diversas partes de uma região farta de oportunidades, mas pobre de representatividade política.

Que neste caso agrava o problema regional ao não influenciar na formulação das propostas exequíveis para o Nordeste, preferindo sempre o comodismo de apoiar planos grandiloquentes – e irrealizáveis – para a região, concebidos por quem não é daqui. Um desprezo às competências e expertise que por aqui abundam, mas não são acessadas para a formulação de saídas para a região. Tornando-se em outro grande óbice à mudança da realidade nordestina.

Superar essa barreira não é fácil. Quase todas as correntes que pensam o Brasil se utilizam do “discurso pronto”: o Nordeste não encontrou o “desenvolvimento” e precisa de ajuda. O que apenas alicerça a velha barganha entre a elite regional e do empresariado do Sul/Sudeste para garantir do governo federal recursos para grandes obras que irão dar em nada, exceto rechear os bolsos de alguns. Retroalimentando o processo das afirmações superficiais e de visões distorcidas sobre a região e os seus moradores no resto do país.

Enquanto a diversa, rica e multifacetada realidade nordestina não for encarada de forma prismática e holística a partir de soluções locais (que existem, estão dispersas, mas podem com algum esforço intelectual e técnico serem agrupadas e ajustadas para a diversidade regional), vamos continuar patinando sem sair do lugar.

A criação do Instituto Nordeste que estamos ultimando tem como pano de fundo reunir inteligências regionais para capturar projetos concebidos por técnicos da região que já vêm sendo executados parcialmente para daí formatar um modelo de intervenção autóctone, essencialmente prático, de resultados comprovados que, afinal, comece a ajudar a mover a roda do desenvolvimento do Nordeste.

Vamos precisar do apoio das forças vivas privadas da região para a iniciativa.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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