colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Quem está a favor de Alagoas e quem não está

29/10/2023 - 08:19

ACESSIBILIDADE

Afrânio Bastos
Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto, Braskem
Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto, Braskem

“Tente mover o mundo. O primeiro passo é mudar a si mesmo” é uma frase atribuída a Sócrates ou a Platão. Para nosso “case” de hoje, não importa a origem, já que vinda de um dos dois maiores sábios que a humanidade já produziu desde cerca de 400 anos A.C. Para a política, ela encerra um ensinamento precioso que diferencia os que pretendem colaborar para ajudar a “mudar as coisas” daqueles que fingem fazer, nada fazem e na hora H, pressionados, mostram as suas verdadeiras faces.

Até as pedras sabem que há mais de cinco anos, prá ser mais exato, há cinco anos e sete meses, Maceió sofreu o mais grave crime ambiental do mundo em área urbana de todos os tempos. Um megadesastre que levou de roldão nada menos que 5 bairros e mais uma parte significativa de outro, obrigou a 60 mil pessoas a saírem na marra de suas casas e causou prejuízos a outras quase noventa mil pessoas.

Estas situadas no entorno do sinistro evento, nos Flexais, nas áreas não inclusas (sabe-se lá por que...) do Bom Parto, da Vila Saem e da Rua Marques de Abrantes (esta, mais uma das fantásticas decisões tomadas pela defesa civil de Maceió em acordo com a Braskem, que condenou um lado da rua e deixou o outro de fora!!!).
Mas, o episódio não ficou nisso: afetou fortemente a vida em oito dos municípios da região metropolitana que ou foram diretamente impactados pela “migração forçada” de milhares dos moradores expulsos de suas residências por conta do infausto desastre fruto da total irresponsabilidade da Braskem ou o foram de forma indireta seja por sua umbilical ligação à Capital, como pelo impacto ambiental nunca avaliado adequadamente, ou os danos morais coletivos e danos sociais que todas sofreram.

Não ficou nisso, infelizmente. Maceió teve perdas gigantescas e Alagoas ainda maiores. Seja na mobilidade urbana e metropolitana, ou nos seus patrimônios materiais e imateriais, ou em perdas fiscais significativas e, de forma muito impactante pelas perdas ambientais de grande magnitude. Uma catástrofe.

Usada ao longo de 5 desses anos politicamente por muita gente que vem se elegendo às custas de enganar a quase duas centenas de milhar de pessoas com promessas vãs ou mesmo mentirosas. Eis que também nossa justiça não tem faltado à Braskem. Nesse meio tempo, associações e pessoas bateram em todas as portas, encontradas sempre cerradas aos seus pleitos legítimos. Enquanto por outro lado estranhamente favoráveis aos da multinacional que não apenas dizimou parte significativa de nossa capital, como até hoje nada produziu em termos de geração direta de riqueza para Alagoas (nunca é demais lembrar: a participação da Braskem no PIB de Alagoas não passa de mixurucas 0,8%).

Nos últimos 30 dias finalmente a Braskem forçadamente abriu negociações com o governo de Alagoas que está atuando nesse caso com o lema “Ninguém fica prá traz” ou seja a negociação do passivo da Braskem em Alagoas está sendo tratada como um todo. Ou fecha com todo mundo ou não fecha com ninguém. O lema é alusão dieta à traição que o prefeito da capital cometeu contra Maceió e contra todos os quase 150 mil afetados que foram ludibriados quando o Alcaide fechou uma negociata, digo “negociação” com a multinacional que lhe pagou a preço de banana podre pelo prejuízo que causou a nossa Capital. Dinheiro esse que ela, Braskem cínica e irregularmente afirmou ter gastado 700 milhões, retendo essa quantia da esmola que pagou ao prefeito qeu não apenas aceitou essa safadeza como ainda achou que estava tudo bem e doou à multinacional, ruas, praças, avenidas, logradouros da área que ela destruiu!!!

Até hoje ao que se saiba nenhum dos órgãos de justiça tomou a iniciativa de abrir processo investigativo para averiguar a possível falcatrua. Não fosse o Senador Renan Calheiros que fez a denúncia, nada teria ocorrido nesta área reconhecida por todos como um reduto Braskeniano. Será preciso total vigilância sobre cada passo que eles vão dar. Única forma de denunciar qualquer tentativa de acobertamento ou postergação. Justiça é para fazer justiça.

Mas, a mais acintosa defesa da Braskem veio o senador Rodrigo Cunha que – acreditem – foi o único que logo após o desastre chegou a promover audiência pública no Senado Federal para que as vítimas pudessem denunciar o descalabro de que estavam sofrendo duas vezes. Pelo megadesastre que os afetou e pelas decisões judiciais sempre contrárias aos seus interesses.

De lá para cá ele, sintomática e estranhamente calou-se e sumiu do noticiário quando o tema era a luta dos afetados contra a Braskem. Voltando, no entanto essa semana para denunciar que a CPI – a mais forte arma que Alagoas e os afetados contam – não podia ser instalada, apelando inclusive para organismos internos do Senado no sentido de impedir a leitura na ordem do dia da autorização da instalação da investigação pelo presidente do Senado.

Seu argumento: o senador Renan Calheiros não teria legitimidade para tal. Uma alegação bisonha típica de quem não tem preparo ou assessoria qualificada para evitar o vexame de ser desautorizado pela casa em seu pedido. Sua radical oposição à CPI desnudou para Alagoas, o porque do “sumiço” do Senador em qualquer tema contrário aos interesses da Braskem.

Ele bem que tentou desdizer o que havia dito na base do “não foi bem isso que eu falei”. Foi sim, Senador. O senhor tentou de todas as formas impedir que a CPI proposta por seu colega de Senado, fosse instaurada. Uma traição a Alagoas, a Maceió e, em especial aos quase 150 mil afetados pelo megadesastre provocado pela Braskem. Não à toa que ele é correligionário do prefeito que traiu os interesses de Maceió. Como em política não há coincidência...

Em tempo: a CPI foi autorizada, a Braskem já teve três reuniões preliminares com o governo de Alagoas sobre o seu passivo no Estado, o trabalho – inédito - do levantamento do passivo da empresa em Alagoas foi concluso, as preparações para as negociações avançam de forma consistente. Em bases realísticas e não em esmolas que a empresa pagou à prefeitura. E, principalmente não deixando ninguém para trás.

E, sim, sabem quem são os responsáveis maiores por isso? O governador do estado que tem dado total apoio às iniciativas para se buscar o ressarcimento da dívida que a Braskem contraiu em nosso estado com todos e o senador Renan Calheiros que vem liderando todo o processo para levar a Braskem à mesa de negociações para saldar seu débito em Alagoas.

Quando o tema é Braskem, Alagoas agora sabe quem está ao lado dos seus interesses e dos afetados. E quem não está.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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