A apoteose do me engana que eu gosto
A CPI da Braskem resolveu acabar de vez com as poucas e rasas sessões de três senadores. Dois alineígenas a Alagoas e um terceiro que até dias atrás era contrário à CPI e, de repente, virou ardoroso defensor da intrujice. Será por quê? Saiu o seu relatório final. Por sinal, bem elaborado pelos consultores do Senado fazendo jus à qualidade dos seus técnicos. O problema é que no quesito sugestões ele segue as orientações do relator e aí, o senador – que teve acesso a terabytes de dados e informações sobre o caso – apresentou um conjunto de “sugestões” pífias, redundantes e de pouca praticidade nas suas implementações.
Afinal, os que atuam no caso Braskem em Alagoas sabem que todas já foram tentadas e rejeitadas pelos maus alagoanos incrustados em órgãos decisórios que impedem qualquer avanço de uma solução para o problema (não são do interesse da Braskem). Conclusão: a CPI da Braskem sempre foi da Braskem e as tratativas em Alagoas não avançam porque ela não quer. O relatório final apresentado pela CPI é cortina de fumaça para enganar bobo. É peça destinada aos desvãos empoeirados da gaveta de algum burocrata e serve como uma luva para os desígnios da multinacional que a partir de agora vai gastar uma fábula para voltar a vender para a população brasileira e as autoridades federais o bom mocismo de sempre.
Ela que destruiu parte de Maceió, destroçou o meio ambiente da cidade, afetou a vida de tanta gente, transtornou o funcionamento de oito municípios, deu calote na dívida em Alagoas e mentiu desbragadamente durante a sua própria CPI, não mede esforços para se superar no quesito aberrações (quem não se lembra do “título” que ela comprou de uma sinecura que diz representar a ONU para ser “uma das 30 empresas mais destacadas do mundo no conceito ESG”. Justo aquele que se refere às boas práticas ambientais e de gestão...). Precisa de mais?!
Esse descaramento ilumina o papel lamentável de faz de conta que todos, inclusive CVM e Bolsa de Valores, sabem dessa e de outras peripécias que a empresa comete seguidamente e que até a CPI amestrada denunciou, mas nada fazem para pará-la. O relatório da CPI amestrada saiu. As sugestões que já foram tentadas e deram com os burros n’água lá estão para ela dizer “fizemos a nossa parte”. Não fizeram. Não levaram peças centrais que estão embaçando a solução do problema para serem questionadas e – certamente – desmascaradas em público via TV Senado. Não era do interesse. Da Braskem.
Como nunca foi do interesse da CPI ir fundo nas questões relevantes, como por exemplo, por que a Petrobrás que é tão sócia quanto a Novonor até agora passou incólume do problema? Os senadores, todos governistas de quatro costados, certamente não arriscariam sua relação com aquela empresa para ajudar Alagoas. E esse é apenas um dos enigmas não decifrados pela CPI. Outros ainda mais relevantes que estão a inviabilizar uma solução para o caso passaram ao largo da luneta desfocada do relator. É fato que não se esperava nada dessa CPI, mas não precisava ser um nada tão nada, nadica de nada.
Só faltaram acusar o mordomo como culpado. Lamentável!banner
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA