colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

O que os ‘tios’ vão fazer de fato pela educação?

18/08/2024 - 06:00

ACESSIBILIDADE


Os pais sabem que o desempenho escolar dos seus filhos é medido pelas notas que eles "tiram" nas matérias objeto de estudo. Um aluno com notas superiores a 8 é sempre considerado um bom aluno e quanto mais essa nota se aproxima de 10, mais ele é reconhecido como um bom aluno e inteligente. O mesmo acontece com o desempenho da escola, que é medida pelos pais e pela comunidade a que serve de acordo com o conjunto de respostas adequadas de seus alunos.

Todos sabem que um estudante ou uma escola que obtém como média a nota 4,1 é reconhecido(a) como de baixo desempenho, não competitivo(a) no mercado. O jovem que nela "estuda" tem – em geral – seu destino selado, sendo destinado ao subemprego ou aos empregos de menor remuneração. É preciso que se diga que há, claro, as exceções. Aqui estamos tratando do problema como um todo, sem particularizar casos.

Na semana que passou (14/08), o Ministério da Educação e Cultura disponibilizou o Ideb 2023 (é calculado a partir da taxa de aprovação das escolas e da média do desempenho dos alunos em Português e Matemática. Quanto maior a nota, melhor o aprendizado e a aprovação) e a nota da cidade de Maceió, a capital de Alagoas, foi, novamente, vexatória: 4,1. Em outras palavras, o grau de aprendizado do ensino fundamental na cidade alcançou tão somente 41% de um total possível de 100%. Uma distância abissal que empurra o ensino fundamental público municipal a um atraso de quatro anos no aprendizado. Uma tragédia silenciosa abafada por gestores e políticos que fogem da responsabilidade de encarar o fato e tratar de enfrentar o crime que está sendo cometido contra os jovens pobres desta cidade.

60 mil crianças que não têm a quem recorrer são submetidas, ano após ano, a esse modelo de ensino desqualificado que provoca a hecatombe aqui desenhada (e que continua no ensino médio, que não é objeto dessa análise). As escolas caindo aos pedaços, instalações elétricas antigas e defeituosas, sem ar condicionado nas salas e – quando têm – não funcionam, ventiladores em geral danificados, cozinhas deficientes, zero material de apoio para uso metodológico...

Nesse sentido, os dois principais candidatos a prefeito de Maceió, que se utilizam da alcunha artificial de "Tio", precisam dizer como irão fazer para sair dessa sinuca de bico criminosa para o futuro dos estudantes pobres de Maceió. E não adianta contar história da carochinha de que a educação municipal vem melhorando, que é mentira. Argumentar que a nota era ainda pior há alguns anos e que vem melhorando – paulatinamente – é de uma insensibilidade atroz com a vida humana. 4,1 é 4,1 sempre. Uma nota insuficiente sob todos os ângulos. O Ideb de Maceió para os anos iniciais é o penúltimo menor das capitais brasileiras. Uma aberração dessas não pode continuar.

Espera-se que os dois candidatos assumam – e cumpram se eleitos – os compromissos de provocarem uma revolução – sim, isso mesmo, uma revolução porque reformas meia boca é que levaram as coisas aonde estão. No lixo da educação.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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