Indiciamento no caso Braskem: cadê os peixes grandes?
O barão de Itararé, o autor da frase “de onde menos se espera, [é] daí que não sai nada” é que esteva certo. O que se esperar de um inquérito policial que leva seis anos e sete meses para indiciar um bando de Zé Ninguéns deixando de fora os “gatos gordos”que comandaram a tragédia que levou ao mega desastre que a Braskem provocou em Maceió?
Não há desculpas para isso, apesar de que serão utilizadas em profusão para explicarem o inexplicável. Afinal, até a CPI de brincadeirinha da Braskem em apenas oito reuniões mal ajambradas, rapidamente levantou uma montanha de agentes com suspeitas de culpa no cartório. E sugeriu o indiciamento ou aprofundamento da análise para o indiciamento criminal.
E, para surpresa de ninguém, eis que no inquérito conduzido pela PF os “peixes grandes” sugeridos a indiciamento, ficaram de fora.
Lamentável.
Quase sete anos de iniciado o inquérito conduzido pela PF em velocidade de bicho preguiça, ficaram de fora os acionistas majoritários da NOVONOR, dirigentes da PETROBRAS, todos os presidentes da Braskem, todos os diretores e técnicos da ANM envolvidos com o assunto, e uma “pancada” de agentes governamentais omissos e prevaricantes, dentre outros.
Há cerca de uma semana o ministro da justiça jactava-se de que em quinze dias a PF resolveu o enigma do assassinato da vereadora Marielle.
Primeiro que não foi bem assim. Até as pedras no Rio de Janeiro sabiam desde sempre quem eram os bandidos. O que faltava era vontade política para desmascará-los. A PF de lá, portanto, fez apenas isso cumprindo seu dever constitucional.
O ministro e outras autoridades do judiciário, o presidente da república, o congresso nacional, os órgãos de fiscalização federal, e outros, são todos responsáveis pelos desmandos que vem acontecendo em Alagoas nos poderes constituídos, em favor da Braskem.
Por que nada fazem? Está tudo à mostra... Quantas vidas mais precisarão ser ceifadas? Quantas “Donas Purezas” serão necessárias para esse conluio a favor da empresa acabar?
A justiça federal em Alagoas tem a obrigação de rejeitar esse relatório da PF. E exigir em prazo curto que sejam feitas novas averiguações visando o indiciamento dos “gatos gordos”. É processo preciso incluir todos os culpados.
Chega de elefantes parindo ratos. As vítimas, os afetados e a sociedade alagoana exigem isso.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA