Uma na flor, quatro na ferradura
LANÇAMENTO DO ANO
Na terça feira, 12 tivemos a satisfação de recepcionarmos mais de uma centena de pessoas dentre autoridades, intelectuais, professores, técnicos ligados ao tema e representantes da sociedade maceioense para o lançamento da segunda edição da coletânea “Rasgando a Cortina de Silêncios – O lado B da Exploração do Sal-Gema de Maceió”. Agradecemos a todos pelo apoio à iniciativa.
O “Rasgando”, não teria sido possível acontecer, não fosse o grupo de profissionais altamente qualificados de nosso estado que tivemos a honra e a satisfação de juntar para a feitura daquela que é a mais importante obra sobre o megadesastre que a Braskem provocou em Maceió com impactos diretos na vida de 140 mil pessoas e em todos os residentes de nossa Capital.
2/3 dos livros disponibilizados pelos autores para venda na livraria leitura foram comercializados no dia do lançamento e no dia posterior ao mesmo, um sucesso de vendas ainda maior que o da primeira edição que se esgotou em pouco menos de seis meses. Os interessados em adquirir o livro devem se apressar para não correrem o risco da obra se esgotar. A comercialização está sendo realizada pela livraria Leitura do Parque Shopping.
PRÁ NÃO DIZER QUE ESQUECEMOS DA BRASKEM, UMA CURTINHA
O diretor financeiro da empresa divulgou essa semana para o mercado mais uma informação falsa: de que já havia gasto 16,1 bilhões de reais em Alagoas por conta do megadesastre que ela provocou na cidade de Maceió.
Como o levantamento realizado para o governo de Alagoas indicou um passivo em torno de 16 bilhões de reais e, como até agora a empresa continua devendo a mesma grana (falta atualizar os valores), resta saber onde ela “aplicou” essa dinheirama. A Polícia Federal – mais uma vez chamo a atenção – poderia seguir essa dinheirama que a empresa diz que gastou por aqui e ver em que bolsos eles estão depositados.
PATINANDO SEM SAIR DO (PÉSSIMO) LUGAR
Ao longo dessa semana, o IBGE divulgou alguns dados do Censo 2022 e outros sobre a evolução do PIB dos estados. Com relação ao PIB, como sempre ocorreu, o Governo de Alagoas desde sempre, dá a sua versão rósea sobre o assunto (e isso não é privilégio apenas desse governo, é coisa de muitas décadas). Mas vamos aos fatos. O PIB de Alagoas há 50 anos atrás representava 0,8% do PIB brasileiro e hoje, equivale aos mesmos 0,8% de cinco décadas atrás.
Ou seja, Alagoas, um dos estados mais pobres e atrasados do país (renda média per capita de 609 reais mensais, cerca de 42% do salário mínimo!), não conseguiu avançar um mísero 0,01% na sua participação relativa da riqueza nacional. O “desenvolvimento” do estado mal deu para mantê-lo no mesmo lugar de meio século atrás em relação à riqueza nacional. Patinamos sem sair do lugar. E ponto.
O que só comprova a nossa afirmativa no livro Rasgando a Cortina de Silêncios – O lado B da exploração do Sal-Gema: a decadência da cana de açúcar nunca substituída por atividades econômicas relevantes e o famigerado Polo Cloroquimico cantado em prosa e verso como a salvação da lavoura do estado, deu com os burros n’água. Nosso “crescimento” (bem entre aspas mesmo), ocorreu apenas de forma vegetativa, nominal, por que em termos reais o que houve nesse período foi uma acentuada queda na geração de riqueza local. Os dados estão lá no nosso livro. Apenas para comprovar aqui o que digo: dois milhões de alagoanos hoje sobrevivem das esmolas do governo, conforme registra o CadÚnico! E dentre o milhão restante, apenas 1,1% recebem mais de 5 salários mínimos!
Enquanto não se tiver um projeto de desenvolvimento digno desse nome, coerente e com a participação das forças vivas do estado, nada vai ocorrer de relevante por estas bandas. Tudo continuará como dantes no quartel de Abranches.
O mesmo 1% do território alagoano onde habitam menos de 12% da população do estado e para onde convergem mais de 90% da riqueza do estado, continuará sendo o único beneficiário da miséria que o modelo atual continuará espalhando pelo resto do estado, os 99% do território e os 88% de pobres e miseráveis que vegetam por aqui, e que ficam com as sobras dos 10% do nosso mirrado PIB.
A JUIZA DO CASO MARIANA, HEM?!
De onde menos se espera é que não sai nada mesmo. Frase atualíssima quando se trata da justiça brasileira. Na quinta feira desta semana que se encerra, a juíza substituta Patrícia Alencar Teixeira de Carvalho da Justiça Federal de MG, em Ponte Nova (por que essas “decisões” quase sempre são dadas por juízes substitutos ou de plantão? Será por que?) decidiu que o mega acidente que atingiu dois estados, dezenas de municípios, milhares de pessoas e matou outras 19, NÃO EXISTIU! Isso, quando dias antes, as empresas haviam concordado em pagar bilionária indenização aos entes estatais pelos problemas causados...
Numa canetada, ela afirmou que não há – prestem bem atenção – elementos probatórios para incriminar as empresas responsáveis pelo megadesastre provocado pela barragem que era da responsabilidade justamente das empresas agora “perdoadas”. Até parece o Supremo com a Lava Jato quando fingiu que suas próprias decisões de anos anteriores de nada valeram para “descondenar” o atual presidente da República e toda a bandidagem política e do colarinho branco envolvidas nas falcatruas da Petrobrás.
Há que se perguntar quando essa imoralidade vai parar.
HÁ 50 ANOS TUDO IGUAL: O (PÉSSIMO FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA À CRUZ DAS ALMAS)
Sou um dos pioneiros residentes do bairro da Cruz das Almas. Há 50 anos, eu e mais três amigos compramos um sitio e construímos uma das primeiras casas do bairro na área mais próxima da orla da praia do bairro (naquele momento havia apenas o conjunto da COHAH, alguns poucos casebres e menos de uma dezena de outras residências naquela área da praia (na rua que desbravamos, dois anos depois foi construído o icônico restaurante BEM).
Pois bem, prontas as casas descobrimos que o transformador do bairro não teria mais capacidade para absorver novas demandas e somente com a intervenção de pessoa da minha família (que à época era dirigente da CEAL) conseguimos depois de muita luta a troca do tal transformador por um mais potente. Mas fomos logo avisados que, pela região se tratar do que eles chamavam na empresa de fim de linha, o fornecimento poderia ser irregular (quedas constantes de energia) e mesmo perda total de energia em algumas ocasiões, o que acontecia amiúde. Vivíamos no Paraiso, ao mesmo tempo que no inferno do fornecimento de energia para nossas residências.
Passados 5 décadas e com meu retorno a Maceió, voltei a residir experimentalmente no bairro (desconfiado que estava das péssimas lembranças das constantes faltas de energia). E eis que cinco décadas passadas, o problema continua a se repetir. E olhe que meu local de residência está bem ao lado de dois dos mais importantes equipamentos hoteleiros do estado e da principal churrascaria da cidade!
O problema é que nesses 12 meses pelo menos umas 10 vezes, transformadores da área literalmente “explodiram” deixando o bairro às escuras. E prá isso acontecer, basta um vento ou uma chuva mais forte. É batata! Somente nos últimos 7 dias duas explosões de transformadores ocorreram na região.
A Equatorial precisa resolver este problema de forma definitiva. Os residentes da área precisam pressionar, “entupir” de reclamação a Ouvidoria da empresa, o Procon, a Defensoria Pública, a Agência estadual responsável por fiscalizar o serviço.
De nossa parte, vamos estar aqui denunciando todas as vezes que esse absurdo volte a acontecer. Chega desse péssimo serviço prestado.
A ver.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA