O bem que a taxação de Trump pode fazer
Recentemente o senador Renan Calheiros, num movimento a meu ver mais que oportuno, indicou as suas prioridades enquanto presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. E dentre elas, a proposta de reduzir os subsídios no Brasil (superam imorais 643 bilhões de reais, ou seja, quase 10% de tudo o que o governo gasta).
Uma iniciativa digna de aplausos, neste país de protecionismos mil.
Com o anúncio da taxação do governo americano, a mesma comissão, no entanto, partiu para a criação de ferramenta que equipe o governo brasileiro no caso de retaliar o governo americano. Seria positivo não fosse a dependência da economia brasileira dos produtos americanos e um retrocesso em relação à excelente proposta do senador de reduzir subsídios.
Até porque retaliar não apenas é inócuo do ponto de vista prático, como pode desencadear respostas ainda mais duras de Trump.
Barreiras alfandegárias servem para proteger setores estratégicos e não para “defender” a incompetência concorrencial de quase todos os setores nacionais.
Chega de proteções! Este país é um dos mais fechados em termos do comércio internacional. A saída é bem outra.
Temos uma chance de ouro inesperada e bem-vinda para abrir o mercado brasileiro à competição internacional de forma programada. Temos respostas suficientemente ruins do que representa o fechamento do nosso mercado: atraso, corrupção, baixa competitividade.
Não à toa somos um dos países mais “caros” do mundo. O cidadão paga pela ineficiência empresarial e pelos cartórios e igrejinhas que somente barreiras e subsídios desnecessários permitem acontecer.
Aí está o próprio Trump em seu primeiro mandato para apoiar nosso ponto de vista: suas políticas protecionistas se provaram custosas, ineficazes e regressivas, não reduziram o déficit comercial do país, oneraram os mais pobres e não promoveram a sonhada (por ele) recuperação da indústria americana. De novo ele tenta a mesma coisa...
Esta segunda onda protecionista, claro, será ruim para todos. Vai criar imprevisibilidade e desacelerar mercados e reduzir exportações de commodities. Mas, temos inúmeras vantagens comparativas para compensar.
Não é o fim do mundo. Agora, o país precisa reagir pela rota correta (ao menos dessa vez): negociação e a abertura comercial.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA