Cleptocracia, cinismo e erosão social
Com o retorno do país à democracia após 21 anos de ditadura militar era de se esperar que nossa secular corrupção fosse “controlada”. Qual o que! Saímos da cobrança de 5% de “michê” para 50%!!! A escalada quântica de escândalos é um demonstrativo claro de que os controles e freios balizadores da justiça, da segurança e dos direitos do cidadão se erodem a cada dia neste país.
O cinismo, como metáfora da nossa cultura de exceção, tornou-se a regra da classe dirigente deste país. A rápida erosão social observada com o domínio cada vez maior do tráfico e do crime organizado sobre a nossa sociedade é de estarrecer, de terrificar.
Enquanto isso, o “prolitburo” nacional do simples juiz de comarca à Presidência da República continua a se labuzar com pequenas, médias, grandes e gigantes falcatruas, achaques e toda sorte de bandalha imaginável. A sociedade não sabe mais a quem recorrer. Os que ela elege e os que assumem cargos executivos, de imediato se voltam contra os interesses coletivos. E a justiça. Bem todos estão vendo aí...
Nesta semana foi iniciado o julgamento dos bandidos que tentaram dar um golpe de Estado em 8/1 (precisam pagar por isso). É outra dessas peças surrealistas com que o staff deste país nos choca todos os dias.
O desplante com que essa gente, os mesmos que há dois anos tiraram da cadeia irregularmente um sujeito condenado nos três níveis de justiça para concorrer à Presidência e voltar a delinquir sob o olhar complacente de seus parceiros dos tribunais superiores, agora se arvoram de justiceiros dos extremistas de direita. Que volto a frisar, merecem, sim, ir para o xilindró.
Mas a questão é: com que autoridade fazem isso, os que livraram a cara do Lula? Por que não abrir mão e convocar extraordinariamente outros juízes para substituí-los no caso, onde há flagrante suspeição dos mesmos em razão do processo irregular de Lula?
Têmis, a deusa da justiça, deve estar atônita com o que fazem em seu nome.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA