colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Truco não é arma de negociação

27/07/2025 - 08:47
Atualização: 27/07/2025 - 08:48
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O Brasil caminha para um enfrentamento com os Estados Unidos que é um jogo de cartas marcadas. A favor deles. Mas o presidente Lula, que só pensa em se reeleger e ganhou do alaranjado presidente americano de presente um enfrentamento que a todos preocupa, vê essa chance como uma dádiva divina que vai lhe tirar das cordas, continua fendo pouco de uma situação potencialmente muito séria.

A última dele: saiu-se com uma lorota – só pode ser isso, mas o boquirroto se supera a cada dia – de que Trump estaria “trucando” o Brasil e chamou novamente o americano para a briga com uma resposta enviesada para a lorota que ele mesmo inventou (Se o Trump estiver trucando, vai levar um 6).

Não, presidente não se trata de joguinho de truco entre amigos. Trata-se de momento grave que pode se tornar ainda mais grave ao se imaginar o que pode sair da cabeça do lunático de extrema direita americano. No momento, são milhares de empresas brasileiras de todos os portes que estão ameaçadas. Mas isso pode ser só o começo do problema.

Essa semana noticiou-se que o Estados Unidos estariam interessados nos minerais raros brasileiros, uma commodity como outras, uma vez que nosso país quase em nada se utiliza das mesmas. Poderia vir a ser um começo de conversa. Mas advinha o que Lula fez? Patriota que é saiu-se com um “Ninguém põe a mão (nas nossas riquezas)”.

Alguém precisa avisar ao Petista que o petróleo nacional outra riqueza brasileira e do qual ele tanto é apegado (a Petrobras que o diga dos assaltos a que é submetida sobre os governos dos vermelhos) e vendido há muitos anos para os EUA. O nióbio, outro mineral raro e estratégico é comercializado para as indústrias espacial, automobilística, nuclear e de construção civil de todo o mundo. Assim como tantos ouros minerais.

Apesar de ser o foco das políticas tarifarias de Trump, a China, um dos maiores exportadores de minerais estratégicos para os EUA, conduziu negociações diretas e astutas com a Casa Branca. Em um movimento discreto, o governo chinês reduziu as exportações desses minérios fundamentais para o mercado norte-americano e aí o laranjão não pensou duas vezes: baixou radicalmente as tarifas que havia imposto à China. Ou não teria os minerais tão preciosos para a sua indústria fina. E ainda concedeu que companhias americanas retomassem a venda de chips de alta tecnologia para empresas chinesas.

Isso é negócio. E governantes afetados pelas tarifas arbitrarias de Trump sabem disso e estão todos negociando. Sabem que vão perder algum na transação. Mesmo aqueles que foram/são ainda mais vilipendiados por Trump, como México e Canadá, negociaram novas posições com os EUA. Melhor que perder tudo. Lula, entretanto, com a sua esperteza de truqueiro está nos levando para essa última alternativa.

Qual a lição que se pode tirar desse imbróglio? Os governos atingidos pelo tarifaço cuidaram de descobrir quais são os interesses dos Estados Unidos, de Trump. Como a China, quando segurou a exportação de minérios raros.

Isso é saber negociar. E uma pista segura para encarar o urso alaranjado. Outro roteiro pode ser colocar na mesa de negociações os interesses específicos das empresas americanas no Brasil. Que não são poucas. O Brasil é o 13º país do mundo com o maior número de empresas americanas instaladas, totalizando 4.686 subsidiárias, segundo levantamento da Moody's Analytics, de julho de 2025. São pontos para negociação.

Por que Trump reagiu contra o Brasil? Ela já comentou não ser amigo de Bolsonaro. Que é apenas um cara que ele conhece... E essa estória de defesa da democracia? Essa nem a velhinha de Taubaté, do Verissimo, acreditou.

Se Trump negocia com a China tá na cara que ele – golpista como o daqui - não dá a mínima para isso de democracia. O tarifaço de 50% para as exportações brasileiras, em troca da anistia a Bolsonaro, é o que parece: uma nuvem para esconder os desejos ocultos dos americanos. Que vão surgir na mesa no momento adequado.

Se o presidente brasileiro, outro que só faz o que lhe dá na telha, continuar no atual diapasão jocoso visando angariar simpatias e votos com o objetivo de tirar proveito político-eleitoral do enorme erro cometido pelo bolsonarismo com a ajuda do muy amigo Trump, pode dar com a cara na parede. Anotem aí. Não se mantêm uma mentira dessas por muito tempo. O populacho acabará por descobrir o passa moleque que Lula está aprontando para eles...

O Brasil nesse momento precisa de Estadistas, de bons e hábeis negociadores profissionais (que não são essa gente do Itamaraty, certamente) e não de piadistas de segunda categoria. Menos bravata, mais profissionalismo.

Qual vai ser? Continuar bancando o fortão e arrebentar com o Brasil e os brasileiros por conta de uma reeleição ou negociar? Quantas toneladas de minerais raros valem um Bolsonaro?

Vai quê...

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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