colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

A era digital no Brasil: um deserto de homens, ideias e projetos

14/09/2025 - 08:00
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A Cegueira estratégica de caso pensado

No início do século XX perdemos o bonde do desenvolvimento ao optamos por um modelo agrário enquanto os Estados Unidos se industrializavam e aceleravam rumo à liderança global. Hoje, repetimos o erro — só que agora o trem é digital, invisível, veloz e imaterial. E nossos dirigentes? Continuam parados na estação, olhando para o retrovisor, empunhando bandeiras mofadas e bordões que já não dizem nada.

Vivemos numa democracia vibrante, com uma sociedade altamente comunicativa e uma demanda qualitativa gigantesca por informação, educação e cultura. Mas essa potência comunicativa é sabotada por uma elite política míope e um empresariado jurássico, que ainda acredita que o futuro se constrói com caminhões, petróleo e grandes máquinas. A “iconomia”, como define o economista Gilson Schwartz, é a nova economia política dos ícones, da inteligência e da criatividade. Mas no Brasil, ela é ignorada — ou pior, sabotada.

Mais da metade da população brasileira não tem ensino médio completo. Que tipo de internet, que tipo de cultura digital, que tipo de “iconomia” pode florescer nesse solo árido? A exclusão é fatal. E o silêncio dos líderes é ensurdecedor. Não há projeto, não há visão, não há debate sério sobre o financiamento de longo prazo para o desenvolvimento tecnológico. Não há sequer projetos dignos desse nome. O futuro de há muito saiu da pauta política. O Brasil esqueceu o que ele seria. Prefere discutir se vamos de Lula ou de algum assecla de Bolsonaro rumo ao ostracismo. Ao vácuo das boas ideias. A um futuro que nunca chegou.

Enquanto o mundo discute inteligência artificial, redes neurais e economia criativa, nossos candidatos brigam por slogans idiotas em seus bonés e propostas que parecem retiradas de um almanaque do século XIX. A disputa macropolítica continua a servir aos interesses de setores industriais ultrapassados, que controlam os recursos do Estado e impedem qualquer avanço rumo à economia da informação. É uma ignorância voluntária, interessada.

O mundo digital exige letramento, capacidade intelectual, acesso à diversidade cultural. Mas o Brasil insiste em cortar gastos justamente nas áreas que poderiam nos libertar. O Museu Nacional queimou, e ninguém se comoveu. A cultura, um supérfluo para as elites. A rasíssima educação? virou despesa. A ciência, inimiga. E a tecnologia, quando – raramente - aparece, é tratada como fetiche de mercado ou ameaça ideológica.

Não é questão de Estado versus mercado. É questão de visão. De coragem. De romper com a narrativa mofada que nos prende ao passado. O Brasil precisa de um projeto de desenvolvimento que coloque a cultura digital no centro da agenda. Ou vamos continuar a ser a oitava economia do mundo com alma de colônia.

Chega de comer poeira. É hora de pensar o Brasil com ousadia, com inteligência, com imaginação. Porque o futuro não espera — e a história não perdoa os que se recusam a sonhar.

Mas... com essa turma que aí está e pretende ficar, se eternizar no poder dilapidando o tesouro, cometendo crimes sequenciais que ficam impunes, comprando eleições, criminalizando a política e a corporificar como inimigos os que os elegem, não iremos a lugar algum. Seremos o que somos. Uma republiqueta de banana com sentimento de vira-lata que treme só em pensar nas ameaças de um urso velho criminoso.

Em 2014, uns meninos estudantes puseram os políticos em polvorosa quando quase incendiaram o país com uma prosaica luta em prol do passe grátis nos ônibus para eles. Imaginem os senhores quando o vulgo descobrir de fato como vem sendo roubado por essa gente a anos e anos sem fim...

Pablo Marçal quase emplaca uma guerra, não o fez por que estava mais sujo que pau de poleiro de galinha. Mas em algum momento vai surgir alguém e haja Marias Antonietas e Luíses XV para terem seus pescoços decapitados. O mundo digital que a turma do andar de cima releva, poderá ser o caminho para que uma revolta aconteça.

Não é mais fácil, liberar 25% do butim que praticam para fazer esse país explodir – aí sim – de desenvolvimento, via políticas, programas e projetos que recuperem esta Nação e sua população para o mundo digital, do aumento da produtividade, e da riqueza?

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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