Parasitas!

Qualquer governo minimamente civilizado mede as palavras ao se reportar aos seus cidadãos, ao invés de humilhá-los, como fez há poucos dias o ministro Paulo Guedes, rotulando os servidores públicos de parasitas.
Bons e maus exemplos de trabalhadores tem em todo lugar, tanto na iniciativa pública quanto na privada. A diferença é que na rede pública os que têm predisposição para a malandragem (felizmente são a minoria) conseguem sobreviver justamente devido o apoio dos gestores.
Onde tem um parasita tem um padrinho político dando cobertura. É um pilantra protegendo o outro. Quem esperava agora uma mudança de paradigma se iludiu.
Igual como se fez no passado, o ministro nivelou por baixo toda a classe dos servidores, ignorando que boa parte dá o seu melhor, mesmo ganhando pouco. Se alguns abusam dos direitos e ‘esquecem’ as obrigações, são justamente os afilhados do poder.
São acobertados em troca de interesses escusos. É mais fácil o gestor distorcer essa verdade e partir para o ataque do que corrigir erros que moralizem o serviço público.
A propósito, o termo parasita se enquadra melhor em quem recebe muito por tão pouco, e suga sem limite...ostenta luxo e mordomia às custas alheia, vive sangrando os cofres da Nação até causar falência generalizada. Não são os servidores que fazem isso.
Se eles têm direito a aposentadoria, por exemplo, não é algo ‘gracioso’ como insinuou o ministro, é porque contribuem ao longo de exaustivos anos. É uma insanidade ironizar direitos - reivindicar reajuste também é direito.
Esperava-se, no lugar de ofensa aos servidores, o fim da aposentadoria precoce dos políticos, um corte brusco nos custos que o país tem com assistência médica de alto padrão para eles, extinção de verbas de gabinete, paletó, moradia e tantos outros absurdos...mas nada disso foi incluso na lista dos gastos supérfluos a serem cortados na reforma administrativa do ministro Paulo Guedes.
E haja parasita sacrificando um hospedeiro de há muito fragilizado!
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA