É professor adjunto da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e cirurgião especializado em cirurgia digestiva. Graduou-se em medicina pela Ufal (1980) e é mestre em gastroenterologia cirúrgica pela Escola Paulista de Medicina/Unifesp. Atua como docente e cirurgião na área de cirurgia digestiva da Ufal.

Conteúdo Opinativo

IA como ferramenta na educação médica no Jubileu de 75 anos da Ufal

04/05/2025 - 11:14
Atualização: 04/05/2025 - 19:02
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Texto de Rozângela Wizomirska- Profa. Titular da Fac. de Medicina de Alagoas/Ufal

A inteligência artificial (IA) pode ser definida como um conjunto de funções mentais produzidas pela indústria humana que facilitam a compreensão de informações por meio da análise de grandes quantidades de dados, identificação de padrões e tomada de decisões de forma autônoma, utilizando algoritmos e modelos matemáticos.

A IA tem ganhado espaço nas especialidades médicas e se consolidado como uma aliada promissora no campo da educação médica, promovendo transformações significativas na formação de futuros profissionais de saúde. Ao incorporar algoritmos inteligentes, sistemas de aprendizagem adaptativa e análise preditiva, a IA oferece soluções inovadoras que ampliam as possibilidades de ensino na área médica.

A atuação da IA na formação médica é ampla, destacando-se:

  1. Aprendizado personalizado e adaptativo, com plataformas que se ajustam ao ritmo e estilo de aprendizagem de cada estudante, oferecendo conteúdos direcionados às suas necessidades individuais. Exemplos disso são os sistemas Smart Sparrow e Coursera Labs, que utilizam IA para identificar áreas de dificuldade e reforçar conteúdos de forma personalizada.
  2. Simulações clínicas, permitindo a prática de situações reais com fornecimento de feedback.
  3. Interpretação de exames, com o uso de ferramentas de IA no aprendizado da leitura de exames radiológicos e laboratoriais.
  4. Apoio à tomada de decisão clínica, simulando diferentes condutas médicas, como faz a plataforma UpToDate.
  5. Tutoria virtual, respondendo dúvidas e guiando os estudantes por trilhas de aprendizagem, com acesso rápido à literatura científica atualizada.

Por outro lado, alguns desafios devem ser considerados, como a dependência excessiva da tecnologia, que pode levar os estudantes a uma postura passiva, prejudicando o desenvolvimento do raciocínio clínico e do julgamento ético em favor de respostas automatizadas. Outro risco é o viés nas respostas da IA, especialmente quando as perguntas não são bem formuladas. Além disso, a formação médica envolve aspectos humanos e emocionais, como empatia e comunicação, que não podem ser plenamente ensinados por sistemas automatizados. Para a implementação efetiva da IA, é fundamental contar com infraestrutura tecnológica adequada, o que exige investimentos financeiros e capacitação docente — fatores que podem representar barreiras, sobretudo em instituições com recursos limitados.

Em suma, a aplicabilidade da IA na formação médica é promissora, oferecendo um vasto campo de oportunidades, com grande potencial de inovação e melhoria no processo de ensino-aprendizagem. No entanto, seu uso deve ser equilibrado. É essencial que essa tecnologia seja utilizada como ferramenta complementar, sempre mediada por educadores e integrada a métodos que valorizem os aspectos humanos e éticos da medicina.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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