A libertação social do mundo contemporâneo
Texto de Benedito Ramos – Escritor. Da Academia Alagoana de Letras
A própria expectativa do fim do século 19 trazia o sabor da modernidade, encantamento e frivolidade a quem se divertia com o ópio e o absinto, em ritmos frenéticos. A Belle Époque durou até o início da Primeira Guerra. Entre 1914 e 1918 houve uma espécie de trégua e uma reparação para viver o pós-guerra, tentando administrar, cada um, as suas perdas. Os anos que antecederam a Segunda Guerra foram de contradições sociais, crescimento do capitalismo e expansão das ideias socialistas, alargamento do dogmatismo católico, do preconceito contra a mulher separada ou divorciada, da criminalização da homossexualidade, sem falar em antissemitismo, preconceito racial e xenofobia. E a Europa, sobretudo a Inglaterra e principalmente a Alemanha, tinha o comando de toda a cartilha social de moral e costumes.
Não esquecendo que os anos 1920, 30 e 40 foram permeados por grandes ditadores.
Após a Segunda Guerra, e principalmente a Bomba H, o mundo julgou os culpados e a Europa se refez com outra topografia, que mais tarde se transformou na Cortina de Ferro, separando o Ocidente do Oriente socialista, ocasião em que foi inaugurado o Muro de Berlim, em 1961. Período também marcado pela Revolução Cubana, em 1959.
A fundação de Brasília em 1960 estabelece um proeminente período estético que reúne arquitetura, artes visuais, design mobiliário num estilo conhecido como funcional. Era o tempo da valorização dos espaços, da linearidade, da cor, dos resquícios da Art Déco, misturados aos efeitos do cubismo de Picasso, anulando o propósito decorativo, os floreios, arabescos, frisos e relevos afetados.
Quatro anos depois veio o Golpe Militar que desarticulou a sociedade, cerrou ideias, costumes e a moralidade, dando um tiro na democracia. Só em 1974 teve início a abertura política, que só se concretizou no final da década de 1980. A esta altura, o Festival de Woodstock já havia acontecido em agosto de 1969 numa fazenda de 600 acres, na cidade de Bethel, Estado de Nova Iorque, onde tudo foi permitido, da droga à nudez coletiva, sem pudores e preconceitos.
Na Europa eram os Beatles que faziam sucesso, enquanto no Brasil a Bossa Nova vivia em paralelo com a Jovem Guarda. Eram tempos pueris, mas já embalados pelo Rock ou Twist, sob o cheiro da Marijuana e os sonhos psicodélicos do LSD, na busca de um “mundo colorido” da canção de Vanusa.
É preciso compreender bem o século 20 para alcançar o sentido da libertação social do mundo contemporâneo. Não é tema para um só artigo.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA