Jair Bolsonaro e todas as forças insatisfeitas com sua ascensão

Desde sua posse em 1º de janeiro até agora, podemos dizer que a gestão do Governo Bolsonaro teve, de efetivo exercício, cerca de dois meses. Entre procedimentos cirúrgicos e a instalação do Congresso que deu-se em fevereiro, podemos dizer que grande parte do início do seu mandato foi ali consumido pela paralisia natural que tais fatos ensejaram.
No entanto, nunca se viu um presidente em início de mandato ser tão fustigado por todas as forças insatisfeitas com sua ascensão e tão prejudicado pelos próprios membros ou componentes de governo. Com exceção de uns poucos ministros, o que vimos até agora foi um governo com dificuldades de progredir em razão do embaraço de suas próprias pernas.
Por outro lado, ressalta de tudo alguns fatos que até então estavam encobertos, quer seja pelo calor das eleições, quer seja pela expectativa de mudanças que prometia.
Em primeiro lugar e acima de tudo, ressalta a verdade de que a nação e suas cabeças pensantes jamais entenderam que o simbolismo do cargo de presidente da República não corresponde à concretude de poder. Estão todos, só agora, vendo que a legitimação das urnas não corresponde a uma imediata legitimação de poder.
Por não ter uma base de militância atuante e estável. Por não possuir quadros sintonizados administrativamente, prontos para tocar a burocracia estatal. Por não ter uma base política estável e madura no Congresso, afiada com o discurso do Executivo, pronta e em sintonia fina para implementar as mudanças que o momento exige. Por ter apenas um bando desarticulado de legisladores eleitos. Por tudo isso e mais, pelos problemas advindos das interferências domésticas, é que o novo governo tem deixado seu flanco aberto e vulnerável ao ataque de inimigos que muitos até julgavam moribundos políticos
A savana política não difere muito da savana africana quando o assunto é o ataque aos incautos ou àqueles que demonstram alguma deficiência ou fraqueza. O exemplo disso é a formação de um grupo que não sabia sequer a força que tinha, e que passou a se sentir forte, a achacar o governo e ter a pretensão de ser um pseudogoverno paralelo, represando e manipulando, com sua conduta, toda a expectativa de uma nação.
Nunca o dito popular “morre o cavalo para o bem dos urubus” foi tão atual e verdadeiro, pois a continuarem os recuos do governo, chegará o momento em que ele dará com as costas nas cordas, restando aos atacantes apenas lhe aplicar o golpe de misericórdia.
Sem o respaldo de tudo quanto enumeramos acima, e acossado pelas hienas da savana política, resta apenas ao nosso bem-intencionado presidente o socorro da cavalaria ligeira, representado pelo povo que, articuladamente ou não, vai às ruas nesse próximo domingo tentar mostrar aos oportunistas de plantão que não pretende ver frustradas as esperanças nos novos tempos que sucederiam às eleições e aos resultados das urnas.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA