colunista

Isaac Sandes

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Conteúdo Opinativo

Humanos, demasiado humanos

09/07/2019 - 12:54
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Os últimos acontecimentos que culminaram com a greve dos jornalistas locais em defesa e garantia do piso salarial da categoria, nos revelaram algo que, se para alguns incautos era desconhecido, era, para outros, há muito conhecido e comprovado.
Trata-se da intolerância e totalitarismo que permeiam ou mesmo vestem como uma tatuagem, o comportamento do pensamento daqueles ditos de esquerda, defensores dos direitos humanos, das garantias individuais, da pluralidade e do livre pensar.
Uma jovem jornalista, mesmo concordando com os motivos e razões do movimento paredista, resolveu prestar seus serviços a determinado meio de comunicação alvo dos grevistas.
Como todo jovem, ela também simpatiza com a linda cartilha apregoada pela esquerda, cartilha esta alinhavada pelo eterno discurso em defesa das ditas garantias.
Não sabia apenas qual era a distância que havia entre o discurso ideológico e a prática sociológica de seus supostos gurus.
Por não saber a largura e a profundidade desse fosso e acreditar que não estava infringindo qualquer preceito fundamental de sua ideologia, passou, com sua prestação de serviço, a atrair contra si o mais iracundo ódio daqueles colegas que julgava defensores dos direitos alheios.
Ameaçada, passou a andar com seguranças, teve sua imagem achincalhada nas redes sociais, teve o instagram de seus familiares invadido por mensagens de ódio.
Após esse batismo de realidade crua, acredito eu que tenha ela reestruturado suas ideias a respeito do sonho de igualitarismo e respeito aos direitos fundamentais que, em face de sua juventude, acalentava em relação à sua opção ideológica.
No curso de sua vida, certamente terá oportunidade de romper a ainda fina bolha ideológica que a envolve, antes que ela se torne aquela carapaça de intolerância e ódio em que viu envolvidas aquelas pessoas que com os recentes atos certamente mudaram sua vida para sempre.
Poderá finalmente estudar tal fenômeno e vislumbrar verdades que lhes indicarão ser o totalitarismo, por mais paradoxal que pareça, um filho bastardo do humanismo, não o humanismo no sentido distorcido pela moderna propaganda política, que o coloca como um defensor dos seres humanos em contraposição às tiranias desumanas.
Trata-se sim do humanismo em sentido profundo e filosófico do termo, abordado por Olavo de Carvalho em texto denominado “Humanismo e totalitarismo”, publicado em 23 de novembro de 1999, em seu site olavodecarvalho.org.
O humanismo que o ocidente moderno adotou; aquele que elimina os fatores sobre-humanos da perspectiva da marcha da humanidade e adota a hipótese de que não existe meta-história, em resumo, aquele humanismo que credita ao humano uma superioridade quase nitzcheziana e nega a existência de uma realidade absoluta e eterna, realidade esta que permite ao homem, através de estreitas frestas, ter apenas pequenos vislumbres dessa absoluta verdade para que ele, através de uns poucos escolhidos, tome assim consciência de sua real dimensão frente ao que lhe será eterna e totalmente inescrutável.
Essa realidade absoluta e eterna tem o nome de Deus, os pequenos vislumbres recebem o nome de milagres, enquanto os poucos escolhidos são aqueles que podemos chamar de santos.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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