colunista

Alari Romariz

Alari Romariz atuou por vários anos no Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa de Alagoas e ganhou notoriedade ao denunciar esquemas de corrupção na folha de pagamento da casa em 1986

Conteúdo Opinativo

A farra dos amigos

10/11/2024 - 06:00

ACESSIBILIDADE


Passando dos oitenta vamos conhecendo os verdadeiros amigos. Aqueles que convivem conosco desde pequenos, cresceram conosco, alguns até já se foram, outros ainda nos procuram. Recentemente, fomos à missa de um ano de morte de uma grande amiga, Ana Soriano. Conhecemo-nos com doze anos e sempre nos entendemos bem, até que ela se foi. Pois bem, saímos da igreja para jantar com os filhos de Ana. Recordamos o passado, choramos, sorrimos. E o mais importante: a filha da Ana é médica de meu marido.

Agora em novembro comemoramos o aniversário de quatro parentes em nosso “paraíso”. Foi um fim de semana ótimo. Pessoas alegres, cheias de carinho e muito amor. Sem desencontros e maldades; só alegria e respeito. Todos preocupados com a saúde do dono da casa, procurando ajudar, dando ideias, emitindo opiniões. Sentimo-nos felizes, amparados, amados. O sentido familiar foi uma maravilha. Os sobrinhos tentando proteger o idoso, dono da casa.

Na semana seguinte, um amigo paranaense, morador no nosso condomínio, resolveu vir fazer um “arroz de carreteiro”. Sempre que ia à casa dele e comia o tal arroz, pedia ao moço que me ensinasse. O momento chegou e passamos o dia cozinhando, para depois degustá-lo. Preciso, agora, cumprir a promessa de ir à casa dele e fazer um caruru.

Também na doença reconhecemos os verdadeiros amigos.

Aqueles que nos visitam, procuram saber do nosso tratamento. Outros se oferecem para nos ajudar num momento crítico. Um casal amigo saiu da nossa casa dizendo que, se precisássemos de algo, fosse qual fosse a hora, podíamos chamá-lo. “Por favor, Dona Alari, não se esqueça de nós! Este ano perdemos uma amiga de mais de vinte anos. Nós nos conhecemos através de Ana Soriano. Ela, a Irene, veio morar em nosso condomínio e nos tornamos grandes amigas. Deus a levou após uma grave doença e perdemos nossa boa vizinha. Espero que esteja em bom lugar.”

Sou sindicalista há trinta anos e conheci neste período várias pessoas boas. Fizemos um grupo forte, que vem fazendo um bom trabalho. Não temos problemas de traição, de fofocas, de maldades. Em compensação, a luta como sindicalista faz com que apareçam alguns inimigos. Pessoas que se unem a outros grupos e se esquecem dos aliados mais antigos. Por causa disso, se afastam de nós e procuram novos caminhos. Que sejam bem felizes por onde andam!

Na família tudo é muito difícil.

Temos sorte de contar com filhos, netos e bisnetos. No fim da vida nunca estamos sós. Sempre que precisamos, eles chegam e nos socorrem. São amigos do coração e de sangue. Alguns nos abandonaram depois de muita luta, sérias doenças, boas reuniões. Devem ser bem felizes longe daqueles que estiveram presentes em suas vidas. Procuraram novos amigos, novos rumos. Não sei se sentem falta dos parentes abandonados, mas eu sinto; rezo por todos. Quem sabe, na outra vida, vamos ter novos encontros, novas conversas, novos ajustes. Tudo nas mãos do Criador.

No tempo atual, agradeço a Deus pelo que conquistei, pelo que plantei, por minha pequena família, pela luta na profissão contra os gigantes da política, pelo meu marido. Quanto aos meus erros, prestarei contas ao bom Deus e ele vai entender que sempre tentei acertar. O saldo de minha passagem pela terra é positivo. Quando avalio como sou querida por tanta gente, esqueço dos que se afastaram. Eles não me amavam!

Vou continuar vivendo até quando o Pai quiser, fazendo novos amigos, ajudando os que precisam, amando e respeitando os que não me abandonaram. Gostaria de homenagear um só amigo, em nome de todos os outros que estão comigo. Escolho a Zilneide, filha do coração, atualmente precisando do meu apoio. Deus existe. Não duvidem!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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