colunista

Alari Romariz

Alari Romariz atuou por vários anos no Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa de Alagoas e ganhou notoriedade ao denunciar esquemas de corrupção na folha de pagamento da casa em 1986

Conteúdo Opinativo

Que pena!

24/11/2024 - 06:00

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Os mais velhos diziam sempre: “Decisão do Supremo Tribunal Federal deve ser cumprida e não discutida”. Segundo eles, os ministros do STF eram homens de alta sabedoria, escolhidos entre os melhores da Justiça, respeitados e dignos de confiança popular.

O tempo foi passando e a escolha para ser ministro do Supremo passou a ser feita pelo presidente da República, indicando homens de seu grupo político. Cada presidente faz sua escolha e o Congresso aprova o nome indicado. Como o presidente tem a maioria entre senadores e deputados, o nome do candidato é aprovado.

Nas últimas eleições presidenciais, notava-se claramente a pendência de alguns ministros para determinado candidato e rejeição para o outro. No interior da Bahia aconteceu um fato inédito: em algumas urnas não havia um só voto para o candidato da situação. Todos os votos foram destinados para o candidato do Partido dos Trabalhadores. E nada foi apurado!

As Forças Armadas tentaram provar que havia algo de errado nas urnas eletrônicas, exigindo a confirmação do voto. Nada foi resolvido!

Depois das eleições, um ministro do Supremo disse pela TV, respondendo a um eleitor que tentou agredi-lo verbalmente: “Perdeu, mané”. Em outra oportunidade disse ainda: “Eleição não se ganha. Toma-se”. E nada aconteceu!

Outro ministro do STF prendeu mais de oitocentas pessoas que estavam concentradas nas portas dos quartéis. Alguns morreram na prisão. E nada foi feito!

O povo está amedrontado, os jornalistas pouco reagem, o governo federal faz o que quer. Vivemos numa ditadura civil!

O Lula quer economizar às custas dos pobres e servidores. Paralelamente, quer comprar aviões para viajar com enormes comitivas. E a Justiça não reage!

O Congresso Nacional deixou de ser independente, toma decisões e o Supremo Tribunal Federal as derruba. Recentemente foi o caso das emendas. Sempre achei tais emendas absurdas, mas não é certo o Judiciário interferir no Legislativo.

Sou sindicalista e torcia para que nossos processos fossem para a instância superior. Lá, pensava eu, tudo era mais certo, não havia envolvimento político. Hoje, penso de maneira diferente.

O povo já entendeu que o Supremo mudou. Aqueles homens de toga preta considerados acima do bem e do mal, não são os mesmos. São ligados a grupos fortes, indicados pelo presidente da República. Daí, estamos vendo ataques ao prédio do Supremo Tribunal Federal. E não se trata de lobo solitário. Apesar de minha ignorância na área criminal, acho que há grupos responsáveis por semelhantes fatos.

Outro dia, vi na internet uma menina de dez anos chorando e pedindo a um ministro do STF que soltasse o pai e o avô. A família estava sofrendo muito.

Vi, também na mídia, dois ministros do STF serem agredidos verbalmente, fora do país. Um virou caso de polícia e as pessoas estão sendo julgadas.

O povo está revoltado com tudo que acontece. No Brasil inteiro aparecem casos de revolta por causa de decisões de nossos juízes maiores. Quero crer que eles já andam com seguranças e isso não é normal. Cansei de ver nos aeroportos grandes autoridades da Justiça andando tranquilamente. Só que isso foi no passado.

Sou uma idosa de oitenta e três anos e lamento profundamente não ver nos ministros atuais o que meu pai e outros servidores públicos viam. E diziam: “Seu processo subiu para o Supremo; tenha fé; são homens justos”.

Ainda tenho esperança de voltar a ter confiança nos homens de toga preta. Eles não serão mais indicados por grupos políticos e serão escolhidos entre os melhores.

Se tal realidade não ocorrer, só me resta um lamento: Que pena!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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