STF

Bolsonaro confessou crime ao vincular fim do tarifaço a anistia, diz Moraes

Ministro cita tentativa de interferência do ex-presidente na Justiça brasileira
Por Redação 18/07/2025 - 19:30
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Rosinei Coutinho/SCO/STF
Moraes determinou tornozeleira e proibiu Bolsonaro de falar com estrangeiros
Moraes determinou tornozeleira e proibiu Bolsonaro de falar com estrangeiros

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) confessou uma tentativa de extorsão contra a Justiça brasileira ao vincular publicamente a retirada de sanções comerciais dos Estados Unidos à sua anistia no Brasil.

A declaração foi registrada por Moraes na decisão que autorizou, na sexta-feira, 18, uma nova operação da Polícia Federal contra Bolsonaro. O ministro também impôs ao ex-presidente o uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar noturno, e o proibiu de manter contato com autoridades estrangeiras, de entrar em embaixadas e de usar redes sociais.

Segundo Moraes, Bolsonaro cometeu ao menos três crimes: coação no curso do processo, obstrução de investigação sobre organização criminosa e atentado à soberania nacional.

"A conduta do réu JAIR MESSIAS BOLSONARO [...] é tão grave e despudorada que na data de hoje (17/7/2025), em entrevista coletiva, sem qualquer respeito à Soberania Nacional do Povo brasileiro, à Constituição Federal e à independência do Poder Judiciário, expressamente, confessou sua consciente e voluntária atuação criminosa na extorsão que se pretende contra a Justiça brasileira, CONDICIONANDO O FIM DA 'TAXAÇÃO/SANÇÃO' À SUA PRÓPRIA ANISTIA", escreveu Moraes.

A acusação tem como pano de fundo a medida do presidente norte-americano Donald Trump, que em terça-feira, 9, impôs tarifa de 50% sobre exportações brasileiras, alegando perseguição política contra Bolsonaro no Brasil. Poucos dias depois, o ex-presidente passou a declarar que o fim da tarifa poderia vir com sua anistia. No domingo, 13, disse: "Com a anistia, haverá paz para a economia". Na quinta-feira, 17, afirmou: "Vamos supor que Trump queira anistia. É muito?"

Para Moraes, as ações de Bolsonaro e de seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), fazem parte de uma articulação internacional para pressionar o STF, interferir em investigações e desestabilizar a economia.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) já havia solicitado medidas urgentes por ver "risco concreto de fuga". Moraes atendeu ao pedido e destacou que Bolsonaro enviou R$ 2 milhões por PIX, em 13 de maio, ao filho Eduardo, que está nos Estados Unidos.

"A Procuradoria-Geral da República (PGR) considerou que esta vultosa contribuição financeira é um forte indício do alinhamento do réu JAIR MESSIAS BOLSONARO com o seu filho", escreveu o ministro.

Na casa do ex-presidente, a PF apreendeu uma cópia da petição da ação que a plataforma Rumble, junto ao grupo Trump Media, move contra Moraes na Justiça dos EUA. A ação tenta anular ordens de bloqueio de contas impostas pelo ministro brasileiro.

Além das buscas, Moraes impôs recolhimento domiciliar noturno (das 19h às 6h) e aos fins de semana.

O que disse Bolsonaro

Após colocar a tornozeleira eletrônica em Brasília, Bolsonaro classificou as medidas como "suprema humilhação" e afirmou: “Nunca pensei em sair do Brasil ou ir para embaixada”. Ele também disse que a investigação é política e negou qualquer tentativa de fuga.









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