colunista

Alari Romariz

Alari Romariz atuou por vários anos no Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa de Alagoas e ganhou notoriedade ao denunciar esquemas de corrupção na folha de pagamento da casa em 1986

Conteúdo Opinativo

Viva a amizade

13/06/2023 - 14:17

ACESSIBILIDADE


Aprendi com minha mãe a fazer amigos, conservá-los e respeitar a lei da boa vizinhança. Cito sempre as pessoas que me fizeram bem desde minha infância. Morei na Avenida Fernandes Lima nos idos de 1950. Ao lado morava uma família de quatro filhos. Nós, eu e meus irmãos, já éramos seis. Minha mãe e Da. Rute se tornaram amigas. Conversavam bastante e procuravam reunir os filhos em algumas ocasiões. Ainda hoje, eu e Veleda conversamos pelo Facebook, apesar de já termos chegado aos oitenta anos!

Quando Rubião tinha dezesseis anos foi para a Escola Preparatória de Cadetes, em Fortaleza. No dia de receber material, chegou às suas mãos um coturno menor do que seu pé. Um amigo ao seu lado viu a dificuldade que ele tinha para calçar tal bota. Como havia recebido dois pares, o colega de farda deu um ao meu futuro marido. Aí começou uma amizade que vigora até hoje, estando os dois bem velhinhos. No momento atual, os filhos dos dois amigos já são bons companheiros.

Meu pai e meu tio foram órfãos pobres na cidade de Penedo. Meu avô, o poeta Sabino Romariz, escreveu um poema, pedindo aos amigos que ajudassem a seus filhos menores, quando ele morresse. Ouvia do velho João histórias tristes e verdadeiras, isto é, houve ajuda, mas, também aconteceu muita humilhação. Depois de adultos, meu pai, já numa certa posição, era procurado pelos falsos amigos. Ficava solidário, ajudava no que podia, mas salientava sempre: “Ele me humilhou bastante!”

Sabino, meu irmão, sofreu muito por acreditar que na política poderia contar com boas pessoas. Eu avisava: Fulano não é seu amigo! Ele não acreditava e se dava mal. Entretanto, contou com muita gente boa quando não estava bem. Gosto de lembrar que Renan Calheiros foi um dos poucos que o ajudaram no fim de vida.

Sempre mostrei a meus filhos como é importante ter bons amigos. Mas, vale a pena reconhecer os verdadeiros. Dentro da família, contamos com boas ou más pessoas. Dizia meu pai que o pior inimigo é o que foi o maior amigo. Já comprovei isso em várias ocasiões.

No ambiente de trabalho existe gente boa e gente ruim, como em todo lugar. Tenho várias amigas queridas, colegas da Assembleia e em outras repartições onde trabalhei. Sempre cito Selma Suruagy e Elaine Tenório, mas existem outras, pois continuo convivendo com colegas novas e antigas.

O pior ambiente para se fazer amigos é o político. Os interesses são muitos e variados. Não existe uma maneira séria na hora das promoções e o desgaste é grande, pois, para vencer, é preciso empurrar o outro. Aí, ninguém sabe onde está a verdade.

Moramos num condomínio, em Paripueira, desde os idos de 99. Quando aqui chegamos, só havia quatro famílias. Ajudamos a fundar a diretoria de uma associação. Meu marido foi o primeiro presidente. Não havia água, os fios elétricos eram roubados, mas o grupo foi crescendo, se uniu e levou o projeto adiante. Hoje, há dezenas de casas, muitos moradores, o condomínio funciona bem, os problemas são menores. Do grupo inicial que criou nosso lindo residencial restam poucos amigos.

Sempre que falo em bons amigos, não deixo de citar Eduardo e Zilneide. Nos momentos mais complicados de minha vida política e sindical, os dois me ajudaram e foram fiéis aos elos que nos uniam. Hoje, o muito que fizer por eles é pouco, pois me ajudaram bastante.

Gostaria de poder dizer a meus leitores que, entre os deputados estaduais, consegui fazer bons amigos. Os dirigentes nos tratam como se fôssemos seres inferiores e eles estivessem num patamar superior. Já ouvi um parlamentar dizer numa reunião de funcionários, aos gritos: “Eu sou um deputado!” Achei graça, pois ele estava deputado e dependia do voto popular.

A culpa não é só dos falsos amigos. É nossa também. Não soubemos escolher os melhores e esquecer os piores.
Viva a verdadeira amizade!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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