colunista

Alari Romariz

Atuou por vários anos no Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa e ganhou notoriedade ao denunciar esquemas de corrupção na folha de pagamento da casa em 1986

Conteúdo Opinativo

Deus é pai!

20/04/2025 - 06:00
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Estamos na Semana Santa. Tempo de reflexão. Pensar no que fizemos na passagem pela “Mãe Terra”. Agradecer a Deus pelo que recebemos de bom e aceitar tudo de ruim por que passamos.

Quando nos propusemos a ter filhos, tivemos consciência da responsabilidade que teríamos. No meu caso, tivemos quatro filhos e procuramos fazer deles homens e mulheres de bem.

Tudo começa muito cedo. Quando um pequenino traz da escola algo que não é seu, nosso dever era obrigá-lo a devolver e pedir desculpas ao dono do objeto. Aí é que ele vai entender a não pegar o que não é seu. Em outras palavras: não se tornará um ladrão.

Quando a criança chega em casa e conta algo de errado que aconteceu na escola, o pai ou a mãe deve procurar saber com os professores o que realmente ocorreu e comprovar se o filho errou ou não. Atualmente pais ameaçam os professores e querem ir à Justiça por coisas simples!

Assustamo-nos com fatos acontecidos com a adolescência. Os papéis estão invertidos: pais levam gritos dos filhos, os avós têm medo dos netos. Idosos saem de suas casas para as entregarem aos jovens e suas namoradas. Tudo muito errado!

Passamos um bom tempo lidando com idosos que viviam com jovens e sempre havia uma surpresa. Antes de o idoso morrer, a sua casa era tomada e ele ia para uma casa de repouso; ficava sem a aposentadoria que recebe mensalmente e até seus remédios não eram comprados. Resultado: de nada valia a pena o tempo em que trabalhou.

Convivi com um moço que trabalha num asilo de velhos. Contava fatos arrepiantes! Filhos jogavam os pais nos asilos e nem iam visitá-los. Até no dia da morte era difícil encontrar algum responsável para providenciar o enterro.

Em compensação, há casos positivos. Uma grande amiga minha sofreu de demência durante oito anos. As filhas cuidaram dela com amor e carinho até o fim da vida. Eu ia a todos os aniversários dela, até o último, quando me emocionei e fiquei rouca. Deus a tenha em bom lugar.

A televisão mostra sempre o Retiro dos Artistas. Pessoas famosas que trabalharam durante anos e anos, hoje, vão para um lar de idosos e se afastam dos entes queridos. Nem sempre vão obrigadas. Alguns lá estão de livre e espontânea vontade, mas é uma triste realidade.

Outro dia, liguei para uma amiga que mora fora do estado. Uma irmã me avisou que ela, agora aos noventa mais, foi residir num lar de idosos. Apavorada, tentei falar com ela. Rindo, me confortou: “É melhor para mim. Morava só num apartamento grande. A moça que me ajudava aposentou-se. Aqui, tenho amigos, médico e boas refeições. Estou feliz!”

Quando chegamos aos oitenta mais, vemos os amigos indo para o céu. Sentimos que estamos na fila do adeus. Pensamentos nos atingem e procuramos imaginar coisas boas, curtir filhos e netos, aproveitar cada minuto e pedir coragem a Deus.

No Brasil, os idosos não são respeitados. Até no ambiente profissional ouvimos piadas, mas a lucidez permite que consigamos relevar a ignorância.

A experiência que o tempo nos traz é valiosa. De repente, vemos os mais jovens pintando horrores. Tentamos alertá-los, pois já vimos o mesmo filme passando por nossos olhos. Um desses, certa feita, perguntou: “Você adivinha o que vai acontecer?” Não, digo eu, já vivi tal situação.

Viver no meio político traz grandes ensinamentos. Um grande amigo de ontem pode ser o inimigo de amanhã. O passado condena a má pessoa.

Os anos vão se esvaindo, o caminho vai encurtando, os olhos ficam aguçados, o coração mais sabido.

Antes que me esqueça: ativos e inativos da Assembleia Legislativa de Alagoas, no próximo 25 de abril, votem Chapa 1 na eleição do STPAL.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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