colunista

Alari Romariz

Alari Romariz atuou por vários anos no Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa de Alagoas e ganhou notoriedade ao denunciar esquemas de corrupção na folha de pagamento da casa em 1986

Conteúdo Opinativo

O Legislativo de ontem e de hoje

11/07/2023 - 12:48

ACESSIBILIDADE


Já tivemos tempos bons no Legislativo alagoano. O duodécimo não ia para lá e os salários eram elaborados e pagos pela Secretaria da Administração do Estado. Em janeiro, recebíamos um calendário com a data do pagamento para o ano inteiro. Todos nossos direitos eram publicados no Diário Oficial. Éramos felizes e não sabíamos.

Infelizmente, o duodécimo passou a vir para a Assembleia e, então, começaram nossas dores. Inventaram o enxerto na folha de pagamento, apareceram os comentários a respeito da “rachadinha”. Chegamos a 5.000 servidores ativos e o número de comissionados só crescia.

Com a Constituição de 1989, foi fundado o Sindicato dos Trabalhadores do Poder Legislativo, que chamo carinhosamente de “Velho Sindicato”. Obtivemos o direito de lutar e combater as injustiças praticadas.
Fui vice-presidente e presidente da entidade durante nove anos. As Mesas Diretoras me perseguiram, me rebaixaram, tomaram meu cargo de auditora Financeira. Não desisti e, mesmo aposentada, continuei falando, indo à Justiça. Processaram a sindicalista, não implantaram o resultado de minhas ações judiciais. Fui ficando velha, processada e não desisti de correr atrás de meus direitos e também dos direitos dos companheiros.

Fui ameaçada de morte por um presidente já falecido. Não me assustei, nem desisti.
Recentemente, fui condenada a pagar um valor ao atual presidente. O motivo: na minha denúncia, apesar de “pública e notória”, comprovada por fatos publicados na mídia, a Justiça exigiu que eu apresentasse novas provas.

Com tanta injustiça, ainda luto e oriento alguns companheiros. Talvez, quando morrer, pare de lutar.
Os leitores, com certeza, vão querer saber se valeu a pena meu sacrifício. Digo, em sã consciência: em parte, houve certo ganho.

No momento atual, é presidente, pela terceira vez, o moço que me processou. Já conseguimos que as ações judiciais ganhas sejam devidamente implantadas. Entretanto, os valores que saem de nossos salários no decorrer do processo não são devolvidos. É preciso reclamar novamente na Justiça e esperar anos pelo resultado.
Outro ponto positivo. O presidente, sabido, já negocia com as entidades sindicais os reajustes anuais. São parcelas pequenas, que mal cobrem a inflação, mas são pagas.

O pagamento de férias no Legislativo alagoano é uma anomalia. A Mesa Diretora paga a quem quer e como quer. A lei que regulamenta as férias não é conhecida, nem obedecida. Isso acontece há muitos anos. Diversos colegas entraram na Justiça, mas nada foi resolvido.

Coitados dos inativos: foram colocados no Alagoas Previdência desde 2015, mas, até hoje, continuam com um pé lá e outro cá. Isto é, nada foi devidamente regularizado. As pastas funcionais estão entre as duas Casas. Para entender o que acontece com os idosos é preciso recorrer a um vidente.

Contudo, o salário tem sido pago a ativos e inativos até o dia 30 do mês trabalhado. O mecanismo do envio dos recursos à Caixa Econômica é complicado e de difícil entendimento.

O quadro de ativos do Poder Legislativo de Alagoas está encolhendo, o de inativos aumentando e o de comissionados cresce, cresce, cresce...

Na humilde opinião de idosa inativa, mas sempre vigilante, houve certa melhora no desempenho da Mesa Diretora do Poder Legislativo de Alagoas.

Podem ter certeza: estou lúcida.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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