colunista

Alari Romariz

Alari Romariz atuou por vários anos no Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa de Alagoas e ganhou notoriedade ao denunciar esquemas de corrupção na folha de pagamento da casa em 1986

Conteúdo Opinativo

Amigas para sempre!

23/01/2024 - 11:32

ACESSIBILIDADE


Existe uma figura chamada sogra, que gera muitos comentários, mas pode ser uma segunda mãe.

Uma amiga minha casou com um rapaz da sociedade alagoana que era filho único. Foi morar na casa dos sogros, teve três filhos e sempre manteve com os mais velhos um excelente relacionamento. Após muitos anos, resolveu comprar um apartamento e sair da antiga casa. A sogra ficou muito triste e sugeriu à nora: Estamos velhos, não nos abandone; a partir de hoje, você será a dona da casa; não darei mais palpites. Ela não saiu e cuidou dos velhos até a morte deles. Contou-me tal história, rindo e chorando.

Casei muito jovem. Eu e meu marido éramos de famílias numerosas. Tive um bom relacionamento com minha sogra, que era uma mulher católica e boa pessoa. Nos primeiros anos de casamento, fomos tentando conhecer uma à outra. Com o passar dos anos, passamos a viver bem, conversávamos bastante e o maior elogio que ela me fazia era dizer: “Não me preocupo com Rubião; Alari cuida dele muito bem.”

Outra amiga minha casou com um filho único de uma valente mulher. O marido se separou dela por causa do forte gênio que ela tinha. Assim, quando minha amiga casou, a sogra vivia só. Ela teve pena e propôs à mãe do marido um acordo: Vou construir uma casa de dois andares; morarei no térreo e a senhora no primeiro andar; portas abertas, a senhora pode fazer todas as refeições comigo, ou não; dependerá de sua vontade. E viveram felizes para sempre. Todos da família ficaram impressionados com a transformação que ocorreu na sogra de minha amiga. Virou uma doce avó de três netos e uma boa amiga de sua nora.

Chegou a minha vez de ser sogra aos quarenta e poucos anos. Meu filho mais velho casou e foi morar longe de Alagoas. Durante o período de adaptação, sentimos eu e minha nora que não havia muita empatia entre as duas, mas cultivamos o respeito mútuo. Não é fácil ser sogra muito nova e ver um filho sair de casa. Temos um relacionamento respeitoso e procuro não invadir o terreno deles, hoje pai e mãe de dois netos e avós de dois bisnetos.

Contei casos positivos, cujos casamentos caminharam para um final feliz, mas não quero passar para meus leitores casos negativos. Todavia, conheci uma pessoa bem interessante, que era médica. Reclamava muito porque não se dava com a própria mãe. Casou e passou a não se dar bem com a sogra. Cheguei à triste conclusão: a difícil era a minha amiga.

Durante minha longa vida, tive outras noras, que também moravam longe de Alagoas. Todas tiveram filhos, que são meus netos emais uma vez, procuro caminhar pelo lado do respeito, porque se houver amor, será uma grande vitória. Não sei se sou uma boa sogra, mas uso ferramentas que me mantêm numa boa situação. Evito precisar da nora, trato bem meus netos e bisnetos e imponho o respeito mútuo. O resto fica nas mãos de Deus.
Certo dia, encontrei outra amiga. Havia perdido a mãe. Ao lado dela, havia uma mulher. Ela não me apresentou à senhora e eu perguntei: Quem é ela? De cara trancada, ela respondeu: “Minha sogra”! Percebi que não se davam bem.

Aí, meus amigos, a nora vira sogra e tudo fica divertido. Surgem cenas que já vivi e acho muito engraçado. Volto ao passado e digo para mim mesma: Esse filme eu já vi!

É bem mais difícil ser sogra de nora, do que de genro. Quero crer que há certa competição quando somos a mãe do noivo. O genro liga pouco para a mãe de sua mulher.

Atualmente, vivemos numa situação diferente. Sou uma idosa de oitenta e dois anos, que já viaja para ver os bisnetos e bisnetas. A pobre velha não incomoda tanto. Os mais jovens ficam pensando: No próximo ano, talvez não a vejamos mais; ela está tão velhinha, enxerga pouco, anda com dificuldade; estamos com pena dela!
E a vida segue: as noras de hoje serão as sogras de amanhã, viverão os mesmos problemas e talvez pensem assim: Eu deveria ter sido mais amiga para sempre de minha sogra; joguei o tempo fora!

Santo Amaro fica rindo!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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