colunista

Alari Romariz

Alari Romariz atuou por vários anos no Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa de Alagoas e ganhou notoriedade ao denunciar esquemas de corrupção na folha de pagamento da casa em 1986

Conteúdo Opinativo

Saúde, paz e amor

23/01/2024 - 11:34

ACESSIBILIDADE


Depois de um ano muito complicado, os alagoanos esperam o Natal e fazem planos para pedir algo ao Papai Noel.
Creio que a prioridade será um bom aperto na Braskem. A empresa perturbou a vida de centenas de famílias, acabou, praticamente, com seis bairros de Maceió. Enfim, merece um bom castigo, mas não conseguirá recuperar a paz de nossa linda capital.

Os políticos alagoanos estão preocupados com seus problemas, suas brigas pessoais e se esquecem das promessas que fizeram aos eleitores. A ganância é tão grande que, recentemente, um amigo meu foi a uma festa na fazenda de um primo e ficou espantado com tanta riqueza. Havia um boi que valia duzentos mil reais. Donde vem tanto dinheiro? Será que o salário de um parlamentar rende tanto lucro?

Papai Noel está espantado e não sabe qual o presente que trará para os políticos. Eles, componentes do Congresso Nacional, pressionam o Lula pelas famosas emendas, cujo destino é ignorado e não há necessidade de prestação de contas.

Vemos na TV a má situação em que se encontram as escolas públicas, estaduais e municipais. Assaltos, construções destruídas, pais e alunos assustados. As que se encontravam nas áreas desocupadas foram deslocadas para outros bairros e funcionam precariamente. Nada incomoda mais ao “Bom Velhinho” do que ver crianças fora da sala de aula. Com certeza ele pensará no assunto.

Grande parte da população expulsa de suas casas está se mudando para outros bairros ou para cidades vizinhas. Isto depois de vinte, trinta anos morando no Mutange, Bom Parto, Pinheiro, parte do Farol e Bebedouro. Mas, Papai Noel, a Braskem está correndo para o lado norte de Alagoas, entre Paripueira e Barra de Santo Antônio. O que fazer?

Os funcionários públicos dos três poderes estaduais são reajustados com percentuais abaixo da inflação. Desse modo seus salários vão encolhendo e eles, servidores, ficam mais pobres. Bom seria que Papai Noel abrisse os olhos dos dirigentes para eles aprenderem a calcular um modo de beneficiar a categoria. São homens inteligentes, capazes de efetuar contas decentes. O governo do Estado ofereceu aos funcionários um mísero reajuste de 5,2%. No fim, o Imposto de Renda comeu o aumento concedido.

A classe mais pobre sofre com o desemprego. Aumenta o número de moradores de rua. Um exemplo típico é a Praça Pedro II, onde fica a Assembleia Legislativa, cheia de pessoas dormindo ao relento, vendo a droga passar por elas, assistindo a brigas feias. Já foi comunicado o fato aos dirigentes da Assembleia, à Polícia que guarda a Casa de Tavares Bastos, mas nada foi feito. Não adianta só dar sopa durante a noite. Papai Noel precisa incentivar os dirigentes a resolver definitivamente problema tão sério.

Com tanto sofrimento e tantas famílias vítimas do enorme problema ambiental, a parte psicológica dos habitantes fica terrivelmente abalada e, em consequência, vêm as doenças, o desequilíbrio, a depressão, o desajuste.

A paz deixa de existir no seio familiar, porque a mudança é muito radical. Quem mora na parte baixa da cidade, agora, procura abrigo em lugares diferentes. Quem tirou o sustento da lagoa, pescando, vai viver de que?
Deste modo, as famílias se abalam, a paz deixa de existir e em cabeças tão complicadas, o amor desaparece. Não adianta sonhar com um Natal feliz, aguardar a chegada de Papai Noel.

O que pediremos ao “Bom Velhinho”? Que ele amenize o sofrimento dos maceioenses, expulsos de suas casas. Um pedido difícil, mas, não impossível!

Socorro, meu “Bom Velhinho”!

Feliz Natal para todos!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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