colunista

Alari Romariz

Alari Romariz atuou por vários anos no Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa de Alagoas e ganhou notoriedade ao denunciar esquemas de corrupção na folha de pagamento da casa em 1986

Conteúdo Opinativo

Idosos felizes

18/03/2024 - 16:27
Atualização: 18/03/2024 - 16:32

ACESSIBILIDADE


Acabamos de viajar pelo Brasil! Algo nos chamou atenção: melhorou muito o tratamento com os velhinhos. Começou no aeroporto do Recife: duas moças recepcionistas da companhia aérea perguntaram se estávamos sós, se precisávamos de acompanhante ou de cadeira de rodas. Tudo com muita atenção.

Em São Paulo, em qualquer lugar que chegávamos havia sempre alguém preocupado conosco: no hotel, nos restaurantes, no teatro. Na cerimônia de casamento, onde éramos padrinhos, o tratamento foi excelente, desde a longa espera, quando ficamos sentados, até a conclusão do evento. Todas as etapas devidamente fiscalizadas por nossa cuidadora, a filha mais velha.

De volta, no aeroporto de São Paulo sentimos a atenção dos funcionários da empresa aérea. Já estávamos com outro cuidador: o filho mais velho. Isso faz com que os dois velhinhos, ainda lúcidos, se sintam bem cuidados e fiscalizados.

Ao desembarcarmos no Recife, dirigimo-nos ao local da entrega de bagagens, na esteira rolante. Ao nosso lado, um casal jovem, noivos, da idade de nossos netos. Ele educadamente se ofereceu para colocar no carrinho nossas malas de 19, 12 e 10 quilos. Aceitamos e agradecemos a gentileza.

Desde que entramos na “pior idade”, preocupamo-nos com o respeito e a atenção dos mais novos. Da maneira de nos tratar, até o respeito que não deve ser esquecido. Essa história de nos chamar de velhos, fazer gozações, não consta do nosso convívio.

Entretanto, as deficiências comuns à velhice nos fazem depender dos mais novos. Quando viajamos, levamos normalmente uma cuidadora, uma de nossas filhas. Tudo se torna mais fácil, mais alegre, mais divertido e mais leve.

Algumas curiosidades na falta de treinamento dos servidores da companhia aérea: eles desconheciam a Lei dos Idosos no que diz respeito às pessoas com mais de oitenta anos. Precisamos explicar e eles não entenderam. Outro moço consultou o Google e afirmou: “Acabei de aprender o que é 80+”. Lance divertido e trágico pela falta de orientação dos aeroviários.

Irritante é quando os limpadores de vidro de carros, ou atendentes em lojas, farmácias, etc... nos chamam de “tio ou tia”. Tratamento pejorativo que dói nos ouvidos! Engolimos seco, nada dizemos, ficamos tristes.
Os empregados domésticos que convivem conosco são devidamente orientados para o nosso dia a dia. Sabem que trabalham com dois idosos e o respeito é fundamental. Já não há necessidade de corrigi-los. Precisam ser pacientes, podendo ser chamados a qualquer momento, o que nos deixa satisfeitos.

Existe uma lei antiga no Paraíso da Vovó Alari: “Nada é de ninguém; tudo é de todos”. Principalmente biscoitos, doces e frutas. E todos, filhos, netos e bisnetos cumprem a nossa lei. Laurinha, a bisneta mais velha, quando perguntamos qual é a regra de nosso “Paraíso”, ela responde direitinho. Todos nos divertimos! Ficamos felizes.
E lá vamos nós, idosos de 83 anos, aproveitando a vida, cuidando da saúde, viajando, rezando, pedindo a Deus muita orientação para cumprirmos bem o fim de nosso caminho.

De vez em quando um susto! Principalmente doença. Corremos para o hospital. Mas, também temos sorte. Médicos, enfermeiras, atendentes nos tratam bem e os filhos correm em nosso socorro. Graças a Deus tudo termina bem e voltamos para casa.

O importante no fim da passagem pela terra é ter lucidez, conseguir viajar, visitar os amigos, administrar nossa casa e praticar algumas atividades físicas e intelectuais que alimentam nosso cérebro. Mas, leitores, o bom mesmo é ter amigos fiéis com quem possamos contar. E aí, viveremos felizes, confiando em Deus e nos filhos, filhas, netos e bisnetos.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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