colunista

Alari Romariz

Alari Romariz atuou por vários anos no Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa de Alagoas e ganhou notoriedade ao denunciar esquemas de corrupção na folha de pagamento da casa em 1986

Conteúdo Opinativo

Chorando pelo Brasil

26/05/2024 - 06:00

ACESSIBILIDADE


Vivemos num país dividido. Esquerda e direita brigam por tudo: pelo poder, pelo dinheiro, pela bajulação e pela vitória nas urnas.

Para saber como o Brasil está, não adianta ler jornais, ver televisão, ouvir rádio. A imprensa é toda dividida. Jornalistas elogiam o atual presidente, mesmo quando ele está errado. Por outro lado, profissionais criticam o Lula e elogiam Bolsonaro. É preciso que formemos nossa própria opinião. Nunca sabemos onde está a verdade.

A tragédia que se abateu sobre o Rio Grande do Sul foi terrível e poderia ter sido evitada se as obras de contenção tivessem sido concluídas. O governador do Estado veio a público para dizer que não concluiu o trabalho porque tinha outras prioridades. Aí, na nossa sublime ignorância, pensamos: o que é mais importante do que vidas humanas?

Nas Alagoas há dois grupos políticos que lutam para serem eleitos e reeleitos. Só pensam neles e nos seus. As famílias se dividem em vários cargos. A disputa é grande para terem a seu lado vários prefeitos. A briga para ver quem cresceu ou quem encolheu é imensa.

As doações que vão para o Sul viraram assunto de discórdia. Quem manda? Quem recebe?

O presidente nomeou um político do Partido dos Trabalhadores para coordenar as ações do governo federal no Rio Grande do Sul. Surgiu outro problema: alguém já comentou que é uma maneira de “queimar” um senador. Por outro lado, o governador Eduardo Leite não gostou da iniciativa. A cara que fez na TV quando o Lula “empossou” e abraçou o político escolhido foi feia demais.

Ainda por aqui, o governador e o prefeito de Maceió não se entendem. Cada um quer queira aparecer mais. Disputam e não se entendem, até pela administração de uma creche, prejudicando, no mínimo, 150 crianças de um bairro da periferia. Se a luta fosse para melhorar, seria outra coisa. Mas para eles o mais importante é ganhar as eleições e continuar no poder.

Fazer os governantes entenderem críticas construtivas é bem difícil. Moro numa pequena cidade litorânea e procuro ajudar o prefeito mostrando o que vejo de errado por onde passo. Ele não entende. Fica com raiva! Agradecer que é bom, não existe. Chego a concluir que político só gosta de bajulação.

Os funcionários públicos civis e militares estão sendo desvalorizados. Outro dia, ouvi o Lula falar sobre o reajuste salarial dos professores universitários: “Eles pedem um percentual e eu concedo o que posso”! Palavras de um ex-torneiro mecânico, sindicalista, que lutava veementemente por sua categoria.

Os servidores estaduais e municipais recebem reajustes ridículos, que não cobrem a inflação. Mesmo assim, os representantes da categoria passam meses lutando para conseguir um pequeno resultado.

No tempo de meu pai, os funcionários federais, estaduais e municipais eram valorizados, respeitados, ouvidos pelos governantes e recebiam bons salários. Hoje, nada disso acontece; mudou para pior!

A segurança pública deixa muito a desejar. Ninguém pode sair de casa, pois corre o risco de ser assaltado. Para viajar, é preciso deixar a casa com vigia bem pago. Em São Paulo, ficamos na porta do hotel esperando um táxi e o porteiro gentilmente pediu que entrássemos. Segundo ele, são constantes os assaltos na área.

E a vida dos brasileiros continua em clima hostil, de incertezas. Os políticos só pensam neles, as autoridades dos três poderes constituídos governam sem pensar no povo sofrido, a pobreza cresce assustadoramente, os crimes se repetem por todos os lugares, roubos de carro e de moto se multiplicam.

Os idosos não podem sair de casa, principalmente de noite. Vivem presos em seus apartamentos, pedindo tudo por telefone.

O pior mesmo está sendo a tragédia do Rio Grande do Sul, onde centenas de pessoas perderam seus pertences. Alguns morreram. Outros sumiram!

Que país é esse?

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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