O respeito pelos mais idosos
Sempre me preocupei com o respeito pelos idosos. Fui ficando velha e procurando impor aos mais novos a minha posição de idosa séria.
Vejo, na internet, casos horríveis de filhos e netos que tratam mães e avós como se fossem trapos velhos.
Na vida real tenho visto pessoas mais jovens que gritam com os idosos, dizem coisas desrespeitosas e se acham no direito de ameaçar quem discorde delas ou as corrija.
Depois de madura, entendi que quando a pessoa se revolta ao ser cobrada por alguém mais velho, demonstra sua falta de razão. Caso seja exigido o cumprimento de algum compromisso, a criatura fica quieta, calma e em tom normal justifica suas ações, é sinal de que fez tudo certo. A mais velha agradece, aceitando as justificativas. Ameaças, gritos, xingamentos, só denunciam que o jovem está assustado, porque fez algo errado.
Isso é um fato verídico ocorrido entre pessoas amigas que se tornaram motivo de gozação, em virtude de um parente mais velho querer salvar a irmã encontrada em situação de quase penúria.
Fica a lição para os mais jovens: quando alguém se revolta e grita, porque um parente mais velho quis proteger o mais novo, uma das irmãs, este, mais moço, tem “culpa no cartório”.
Quantas mães aposentadas vivem sofrendo nas mãos de filhos e netos que se apoderam indevidamente de parte de suas aposentadorias? Já vi exemplos gritantes de mães e avós que chegam ao Sindicato dos Aposentados da ALE, com um jovem ao lado, pedindo reajuste na sua aposentadoria. Uma delas, que foi empregada de minha mãe, disse: “Alari, para mim a aposentadoria é suficiente, mas meu neto quer mais”.
Outros, após a morte da inativa, ficam recebendo a pensão. Atualmente, existe uma lei que proíbe tal recebimento. Ao emitir o atestado de óbito, o cartório comunica a morte ao INSS. E o neto sabido não consegue receber a pensão.
Conheci uma família que tinha uma avó bem velhinha, recebendo uma boa pensão de um órgão federal. Era uma festa: a filha comprava carro, tirava empréstimo, usava o cartão da pobre velha para comer pizza, ir aos restaurantes. Morreu a idosa e a festa acabou.
Existem, entretanto, filhos e filhas responsáveis, que cuidam da mãe com amor e carinho, recebem a pensão dela e tudo é revertido para o bem-estar da matrona. Cuidam da idosa com a ajuda de um bom plano de saúde e no fim, providenciam um enterro decente para a velha e querida senhora. Acompanhei uma dessas filhas durante anos; eu até saía com a mãe e os irmãos para almoçar no shopping ou em um restaurante.
Outro caso bonito é a dedicação que as filhas tiveram com minha amiga Ana Soriano. Se viva fosse, faria 84 anos neste 15 de julho. Ana passou seus oito últimos aniversários muito doente, sendo bem cuidada. Morreu “fora do ar”, nas mãos de filhas abençoadas. Deus a tenha em um bom lugar.
Nos meus 84 anos tenho trabalhado com inativos e vejo bons exemplos. Quem deixa sua mãe ou seu pai em estado de penúria, apesar de ter uma boa renda, é um mau filho. Quem cuida de seus velhos com atenção, carinho e cuidado, é um bom filho.
O filho rebelde, repito, que, ao ser consultado ou inquirido sobre as condições de vida de sua mãe ou seu pai idoso, reage de maneira pouco educada, até mesmo com gritos e ameaças, tem alguma responsabilidade no estilo de vida dela, dele ou mesmo deles.
Aos críticos de um velho tio que procurou saber de um parente, tenham cuidado. Amanhã vocês serão idosos.
Continuo acompanhando a vida de inativos, amigos e parentes. Não deixarei de comentar e pedir a Deus que proteja os velhinhos de maus filhos e netos.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA