colunista

Alari Romariz

Atuou por vários anos no Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa e ganhou notoriedade ao denunciar esquemas de corrupção na folha de pagamento da casa em 1986

Conteúdo Opinativo

O bom menino

11/10/2025 - 06:00
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Neste mês de outubro fui convidada, ou me convidei, para o lançamento de um livro cujo tema principal era uma homenagem a um procurador.

Apesar de ser sexta-feira, fim de tarde, o auditório do Ministério Público estava cheio de gente. A maioria de convidados era ligada à Justiça. Senti falta do governador de Alagoas, pois o homenageado prestou importantes serviços ao Estado durante sua longa carreira. O Poder Legislativo enviou dois deputados representantes. Desembargadores, juízes, promotores lá estavam. As famílias do homenageado e do colega que organizou a obra também compareceram.

Não conheço as promotoras, mas vi mulheres bem vestidas, alegres, felizes que deveriam ser do Ministério Público. Alguns conhecidos da minha época de sindicalista vieram falar comigo. Reencontro de velhos amigos.

Um menino que estudou no Grupo Escolar Fernandes Lima, como eu, fez um belo discurso, narrando toda sua vida como garoto de classe média. Na adolescência foi aluno do Colégio Guido, entidade que deu origem ao Cesmac. Tentou Economia, não gostou e foi cursar Direito. Fez concurso público e tornou-se promotor de Justiça.

O mais interessante foi sua fala sobre a família. Chorou ao lembrar da mãe, que viveu cem anos, muito amada por ele. Todos se emocionaram quando o procurador se referiu a ela.

Lances divertidos amenizaram o relato. Muito significativa foi a descrição do dia em que foi impedido de fazer provas no Colégio Guido por falta de pagamento. Uma professora o encontrou chorando no corredor. A mestra levou-o ao diretor. Ele ouviu a explicação do aluno, que prometeu ser um bom estudante e concedeu-lhe uma bolsa de estudo. São fatos interessantes que marcaram a vida do futuro procurador.

Falou além de sua família, de seus amigos, de grande parte de sua vida. Destacou sua atuação como professor da Universidade Federal de Alagoas, onde ficou conhecido como bom mestre, competente, que tratava bem os alunos. Alguns deles estavam presentes à tão importante homenagem.

Conheci o bom menino quando eu era presidente do “Velho Sindicato” e ele da Associação do Ministério Público do Estado. Quando nos encontrávamos, conversávamos bastante e eu procurava aconselhar-me com ele sobre os graves problemas de nossa Assembleia Legislativa. Eu, irritada com as causas trabalhistas que enfrentava e ele me orientava e me acalmava. Portanto, fiz questão de comparecer ao evento. “Ele merece!”, como diz a turma jovem.

O colega que organizou seu livro falou muito bem da carreira do homenageado chamando-o sempre de humilde. Nesse momento, chorei, lembrando a humildade do meu velho pai. São tão poucas as pessoas com essa qualidade, que ele deve sentir-se recompensado.

Não convivi muito com o procurador, mas sei de notícias boas a seu respeito, por sua irmã, minha colega, sindicalista como eu. Quando algo a ameaça neste mundo ingrato do sindicalismo, ela afirma, categoricamente: “Vou falar com meu irmão”.

É digno de nota, passar dos oitenta e possuir uma família ajustada, bons amigos, colegas que o elogiam e boas lembranças da vida que ainda leva.

Mas a grande qualidade sobressaída do homenageado é ser humilde, apesar de viver num ambiente difícil onde predominam alguns vaidosos. Além disso, foi um excelente filho, é bom esposo, pai e avô.

Parabéns Dilmar Camerino!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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