Conteúdo Opinativo

Incentivo dos precedentes

31/07/2023 - 13:25

ACESSIBILIDADE


Quando nós votamos em algum candidato, temos como objetivo o que? Alguns responderiam apressados que o objetivo é simplesmente para que o sujeito ocupe um cargo, seja na administração pública ou em alguma empresa ou organismo privado. Será só isso? O nosso voto vale tão pouco? Melhor seria se pensássemos que elegemos um indivíduo, principalmente em relação a cargos públicos, para que ele nos represente no poder. Ainda assim é pouco. Esperamos que ele seja um exemplo de moral, de ética, um modelo para toda a sociedade, alguém que possamos nos orgulhar de por ele sermos representados. 

Um exemplo para os mais jovens, e também para os mais velhos. O que dizer, porém, quando o indivíduo dá maus exemplos, fere o nosso orgulho? Envereda pela corrupção, pelo desrespeito às leis e aos costumes, considera-se acima de quaisquer limites.

Elegemos em passado recente um presidente que, embora alguns o considerem um mito, sempre revelou desamor sobre as quatro linhas da Constituição, como dizia, sugerindo que bastaria isso para ser um grande governante. Ao par disso, desrespeitava as leis, os costumes, como se houvesse no país uma Constituição só para ele, na sua imaginação. 

Carta permissiva que o aprovava em todos os seus destemperos. Por exemplo, chegou a agredir, quando parlamentar, uma colega de parlamento, sugerindo que por ela ser feia, segundo o seu juízo, não mereceria sequer ser estuprada. Depois, não sei quando de sua trajetória, apregoou que negro deveria ser pesado por arroba, em uma evidente discriminação de raça e de cor. 

Extrai-se de sua malfadada expressão que, em sua excelsa brancura, as pessoas negras são como gado, pois só gado se pesa por arroba. O pior ainda estava por vir. Sendo denunciado à justiça por tal comportamento, denúncia aviada por alguns partidos de esquerda, teve as acusações arquivadas, a pedido do Ministério Público que não conseguiu vislumbrar nenhuma prova dos crimes que praticara, seja discriminando as pessoas negras, ou incentivando o estupro, malgrado a própria prova esteja nas palavras do indivíduo. Eu me pergunto inquieto: se fosse um do povo, seja pobre ou rico, mas principalmente pobre, que tivesse afirmado isso, o Ministério Público teria assumido igual comportamento? Quantos exemplos temos, neste país afora, de pessoas comuns processadas por esses mesmos motivos? Alguns até curtindo um período atrás das grades?

Tenho me perguntado ainda se esse comportamento da justiça e dos órgãos do Ministério Público não será fruto da politização, do acirramento do debate político, que há muito deixou de ser simplesmente debate, para se transformar em agressões, cizânia entre os nacionais. Aliás, isso é mais um mau exemplo que nos deu o ex-presidente da República, que anda sobranceiro após práticas tão desabonadoras. Ao contrário, uma parte da Nação ainda assim o considera mito. A história se repete!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


Encontrou algum erro? Entre em contato