Refazendo
Dia 5 deste setembro minha neta fez aniversário. 11 aninhos de vida, crescendo física e intelectualmente. Essa data sempre me faz lembrar os primeiros momentos de sua vida, quando o pai, meu filho, trouxe-a até mim para conhecê-la. Instante jamais esquecido, pois ali estava um ser humano que já nascera amado, e muito. Simbolicamente, estava ali a perpetuação do meu sangue, que já fora dos meus ancestrais. Tomei-a nos braços, e senti a força daquele ser tão pequenino que nada chorou ao vir para o meu aconchego. Gostei disso.
Vi-a crescer a cada dia: os primeiros choros, todos bem fortes; os primeiros gatinhares; o início de seus passos pela vida. Senti-me, como hoje ainda, orgulhoso. E esqueci da minha maturidade, aceitando seu chamado para brincar, inclusive de boneca e esconde-esconde. Diverti-me muito nesses anos. Virei menino no corpo de um adulto cuja idade já começava a fazer-me o caminhar mais lento. Que importa, se a minha neta estava crescendo segundo a vontade de Deus, refazendo a minha vida, olhando aquele ser que era a minha posteridade!
A cada letrinha que identificava, mostrava-me o seu saber. Foi desse tempo que passei a chamá-la de Netiss, e ela a mim de Fofiss. Ainda hoje continuamos com esse carinho avoengo, carinho mútuo. Seu nome? Desde que a tomei nos braços pela primeira vez, isto é, na primeira hora de sua vida, apelidei-a de Maduda. É assim que a chamo até hoje, ainda que esses anos tenham ficado no passado. Acho que sou a única pessoa a denominá-la assim.
Onze aninhos! Maduda está entrando na puberdade, ou já está a meio caminho, como eu, nesses anos, tornei-me idoso, muitas vezes amparado por ela. Como dizem os franceses, “c’est la vie”. Em recente viagem, divertia-a muito vê-la disputar com minha mulher quem chegava primeiro à porta do carro para ajudar-me apear. As duas são ágeis, e divertiam-se cada qual segurando-me pelos braços.
Tudo me diverte, e como meu andar já está um pouco lento, necessitando de apoio para caminhar. Amparado assim, andei muito em nossa viagem, e logo que voltamos vi-me andando com mais desenvoltura. Minha Netisss é imaginativa, então, quando cheguei a sua casa onde fui visitá-la, ela sorrindo de felicidade travessa gritou para o pai que eu havia “desaleijado”. Essa palavra ingressou no meu dicionário, naturalmente como verbo.
Voltemos à puberdade iniciada. Em geral sofremos mudanças psíquicas nesse período. Tornamo-nos mais voluntariosos. Ela passa, como todo ser humano, por essa alteração natural. Uma coisa, porém, não mudou: o carinho por esse Fofiss que já caminha lento. “C’est la vie!”
Parabéns, Netisss. Seja sempre essa menina linda e doce.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA