Caldo de cana e pastéis
O Brasil, em 2021, tinha mais de 62 milhões de pobres, segundo o IBGE. Na época do milagre econômico, propalado pelos governos militares, comentávamos que o Brasil era um país rico com uma população pobre. Mudou alguma coisa? Até 2021, no auge do governo Bolsonaro, parece que não. Talvez o país continue rico, e a Nação ainda pobre. Eu me pergunto, ante fatos ocorrido essa semana: quantos brasileiros podem tomar um caldo de cana e comer uns pastéis por dia? Ao menos Bolsonaro pode, como ele mesmo disse, com 17 milhões de reais na sua conta bancária.
Segundo afirmou, essa fortuna dava para pagar algumas das suas dívidas, sobrando algum para ele e a digníssima ex-primeira-dama tomarem um caldinho de cana e comerem alguns pastéis. Bem típico para quem, quando presidente da República, ufanava-se de ter comido pizza na rua de Nova York. O problema é que o escárnio continua. Comenta-se que dívida ele não pagou. Então pode tranquilamente empanzinar-se de pastel, ele e a amada Michelle. Não sei se encontrará essa iguaria nordestina, tipicamente nossa, nas ruas de Nova York.
Pergunta mais fácil de responder, ao menos aparentemente, é de onde vieram esse milhões que foram parar na conta de Bolsonaro. Comenta-se que foram Pix dos bolsonaristas, ainda aficionados no seu “mito”. Não duvido. Há gente besta para tudo. Ou talvez uma monumental lavagem de dinheiro. Também não duvido. Talvez os “pastéis” bolsonaristas hajam realmente feito os Pixs, e nesse meio os graúdos aproveitaram para transferir vultosas quantias de origem dúbia.
Lula, o magnânimo
Não tenho certeza de quando começou o toma-lá-dá-cá na política brasileira, pois nos antigamente as coisas eram bem definidas. Quem estava no governo e quem não estava no governo. Isso marcava quem era e quem não era. Tudo muito simples. Possivelmente o fatiamento do poder tenha, de certa forma, iniciado nos governos militares. Mas, nesse caso a expressão é equivocada, pois os militares nunca fatiaram o poder, mas, na necessidade de dar um ar mais democrático, fatiaram as benesses do poder, sem nada perderem, mas ganhando em troca um cala-boca dos políticos civis que procuravam se proteger sob as asas castrenses.
O fato, porém, que a versão dessa divisão de poder nos governos ditos democrático, isto é, após os militares, é muito mais acentuada e cruel, pois submete o governante, aquele que foi eleito pelo voto popular para o exercício de cargo administrativo determinado. O malefício vem se estendendo e aumentando a cada governo. Lula, no afã de eleger-se, prometeu aos eleitores reduzir o tamanho do Estado brasileiro. Desde o início, essa redução foi acanhada, pois ali já procurava acomodar forças de apoio.
O que já era ruim, piorou muito, Lula fatiando o poder, o que significa dizer, perdendo fatia significava dele para partidos que lhe fizeram oposição, mas famintos do poder do governo. Onde vai parar? Quem governa mesmo? Lula, em sua magnanimidade, saiu perdendo dessa vez. E nós ficamos com a dúvida.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA